A política pelo bem comum

Criado em 09 de Fevereiro de 2017 Entrevista
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Eleito presidente da Câmara nesta legislatura, Edson Leonardo Monteiro, o Léo Contador (DEM), 35 anos, em um bate-papo com a revista Mais, revela o principal motivo pelo qual ingressou na vida pública: agir em prol do bem comum. Os trabalhos que contribuíram para sua entrada na política ocorreram em 2008, quando Léo assumiu a segunda suplência da coligação do PV. Três anos depois, ele já presidia o partido Democratas (DEM). Agora, após ter exercido um mandato como vereador – entre 2012 e 2016 – pela sigla e atuado como secretário de Assistência Social por um ano (em 2013) no governo do ex-prefeito Carlaile Pedrosa (PSDB), Léo Contador se diz preparado para honrar os votos que o reelegeram no ano passado como parlamentar, e, sobretudo, para atuar à frente da presidência da Casa, cujas ações pretende fazer com que sejam democráticas e compartilhadas por todos os vereadores.

Quando e como foi sua entrada para a política? O senhor tinha referências  na família?

Eu nasci e fui criado na região Norte da cidade, onde conheci a família dos Irmãos Metralhas, que me deram oportunidade de iniciar na vida profissional e social. Em 2006, tive o primeiro contato com a politica, quando apoiei o então candidato a deputado estadual Rômulo Veneroso. A partir de então, como gratidão à oportunidade de formação profissional que tive, dei início a diversos trabalhos voluntários para associações, creches, igrejas e time de futebol. Em 2008, consolidei minha inserção na política, quando, com 1.679 votos, assumi a segunda suplência da coligação do PV. Três anos depois, assumi a presidência do partido Democratas. Na ocasião, reestruturamos a legenda com pessoas de renome da política betinense, e, como consequência do trabalho realizado, em 2012 fui eleito para meu primeiro mandato como vereador, com 2.151 votos, e, em 2016, fui reeleito, obtendo 2.325 votos.

O senhor atuou como secretário de Assistência Social no governo de Carlaile Pedrosa (PSDB). Foi sua primeira experiência no Poder Executivo? Fale um pouco sobre esse período, citando algumas ações executadas durante sua gestão que você considera mais relevantes.

Sim, foi minha primeira experiência como gestor público. Recebi esse convite como um desafio para gerenciar a pasta da Assistência Social, e foi um ano de muito trabalho e dedicação. Entre as principais ações posso destacar a implantação do Centro Pop (a gestão anterior chegou a devolver recursos), um espaço destinado a atender à população de rua em Betim. Recuperamos o recurso de R$ 1 milhão, voltado para o centro público, que, hoje, oferta o serviço de geração de trabalho e renda. Lançamos o primeiro protocolo em nível de Minas Gerais e o segundo do Brasil de atendimento à mulher vítima de violência. Implantamos a Casa dos Conselhos, que centraliza o controle social em um único espaço. Reformamos a estrutura do Restaurante Popular Teresópolis e recuperamos o recurso para a construção do imóvel próprio e para a instalação de novos equipamentos. Quanto ao Banco de Alimentos, realizamos o termo aceito do programa de Aquisição Alimentar. Hoje, somos o maior recurso destinado em nível de Brasil, podendo atender a mais de 115 instituições, entre creches, asilos e casas de recuperação. Deixei o Bolsa Família porque último por tenho um carinho muito especial por esse programa. Quando assumi a secretaria, ele funcionava em um ambiente desestruturado e desorganizado. Hoje, o serviço é disponibilizado em um prédio que oferece dignidade à população, inclusive com acessibilidade às pessoas com deficiência.

O senhor imaginava retornar à Câmara Municipal e ainda ser eleito o presidente da Casa?

Retornar ao Poder Legislativo foi uma resposta positiva dos betinenses à minha atuação como vereador. Minha principal intenção ao entrar na vida política foi agir em prol do bem comum. E o povo entendeu isso ao me reeleger vereador de Betim. E todos podem ter certeza de que faço questão de honrar cada voto de confiança que recebi. Quanto ao fato de assumir a presidência da Câmara, também acredito que tenha sido reflexo de minha atuação na Casa. Sempre trabalhei com responsabilidade e com coerência. Principalmente em razão da crise que o país está enfrentando, precisávamos de um presidente que tivesse conhecimento administrativo, e, por se contador, acredito que isso tenha alavancado ainda mais meu nome para o cargo.   

Fazendo um paralelo dos dois trabalhos (Executivo e Legislativo), qual deles é mais difícil de ser executado em sua opinião? E por quê?

São funções diferentes, mas que se mesclam em uma mesma finalidade: o bem do povo. Uma coisa é certa: não existe facilidade em administração pública. A responsabilidade de tratar o bem público, que envolve não só o bem material, mas a vida das pessoas, é muito séria. É preciso pensar sempre de maneira global, analisando as etapas de começo, meio e fim; e trabalhar com foco no favorecimento social. É uma responsabilidade enorme, mas gratificante quando se vê que o resultado impactou positivamente na vida das pessoas. 

O senhor acredita que há muitos entraves no poder público? Se sim, quais são os maiores?

O gargalo gerado pela burocracia é sem dúvida a maior barreira para a agilidade administrativa. Mas ela é necessária para garantir a transparência das ações. Mesmo tendo que seguir diversas normas estabelecidas pelos prazos da lei, se a administração for feita com planejamento e organização, ela acontecerá dentro de um prazo aceitável e sem comprometer o bem comum.

Como o senhor acredita que isso possa ser resolvido?

Como disse, basta fazer uma administração planejada, já prevendo as ações. Assim, o serviço não fica comprometido.

 Assim como o novo prefeito, Vittorio Medioli (PHS), o senhor tem assumido uma postura de corte de gastos na Câmara. Quais são seus principais objetivos à frente da presidência?

Acredito que, independentemente de estarmos vivendo uma época de crise econômica, os gastos com a administração pública precisavam ser revistos. Já no primeiro mês à frente da presidência, demos início à criação da Junta Administrativa, formada por mais cinco vereadores, que irão auxiliar em todas as decisões administrativas que forem tomadas pela Câmara Municipal. Queremos que todas as ações dentro da Casa sejam democráticas e compartilhadas por todos os vereadores. Essa prática já tem sido comum nesta legislatura. Por unanimidade, começamos o ano com cortes importantes e significativos. Entre eles estão a não renovação dos contratos de aluguel de carro e de gasolina, que ficavam à disposição dos gabinetes; o cancelamento da verba indenizatória dos gabinetes e a devolução do estacionamento alugado pela Câmara. Nossa previsão é que neste ano cheguemos a uma economia de pelo menos R$ 3 milhões, valor que será devolvido ao Poder Executivo para ser investido nas áreas de maior necessidade da população.

O senhor acredita que as medidas de cortes - que vêm sendo adotadas em muitas administrações públicas - atendem a uma nova concepção de administração pública ou são apenas ações emergenciais para resolver em curto prazo uma situação de colapso financeiro que assola muitas cidades?

Acredito que não seja apenas um modismo, mas uma nova visão do real processo da administração pública que vai se consolidar como regra.  

Qual sua opinião sobre essa série de acontecimentos na política brasileira, com inúmeras prisões de grandes caciques provocadas pelas investigações da força-tarefa da Lava Jato? O senhor acha que a política está entrando em uma nova era?

Assim como acredito que a forma de gerir o bem público está mudando e se consolidando com atitudes mais responsáveis e transparentes, também acredito que o perfil do político e do eleitor está mais evoluído. Essas eleições mostraram um alto índice de renovação política. Aqui, na Câmara de Betim, 65% das cadeiras foram assumidas por novatos. Não que seja uma força de fora para dentro. Acredito que estamos vivendo um tempo em que a mudança de atitude veio dos dois lados: do político e do eleitor. E isso é muito bom. Vamos ver uma era de comprometimento público de ambos os lados, e o resultado é o fortalecimento de uma nação.

Quais são os maiores problemas que Betim enfrenta hoje? E o que o senhor acha que poderia ser feito para que eles sejam resolvidos de fato, ainda que em longo prazo?

O país está vivenciando uma das maiores crises econômicas da história. Existem estudiosos que chegam a afirmar que essa seria a pior delas. Essa crise refletiu diretamente na população, com o aumento dos índices de desemprego e da violência e da demanda por serviços públicos como saúde e educação. Mas creio que essa situação é reversível e que, com comprometimento e responsabilidade, ela possa ser alterada.

Fale sobre o futuro. Gostaria de retornar ao Poder Executivo algum dia? Ou ainda é cedo para traçar alguma meta? 

A vida é mutante. A cada instante, um novo fato muda toda a previsão. Meu lema é fazer o melhor onde eu estiver e me aperfeiçoar a cada dia. Acordo pensando no que posso fazer hoje para ser melhor do que fui ontem. Hoje estou no Legislativo e quero trabalhar com excelência para atender aos anseios da população. Se amanhã estiver no Executivo, vou trabalhar com o mesmo empenho e a mesma dedicação para o bem do povo. 




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