Animais de estimação: um amor sem limites

0
Criado em 14 de Março de 2013 Extremos
A- A A+

Quem passa ou já passou pela experiência de ter um animal de estimação sabe o prazer que a sua companhia traz. Mas por que esses bichinhos são tão queridos e, hoje, tornaram-se tão importantes na vida de muita gente?

Eles são fofinhos, carinhos e considerados, por muitos, fiéis companheiros de todas as horas. Não seria exagero falar que, com frequência, um homem é mais próximo de um animal doméstico do que de outro ser humano. Basta navegar pelos perfis das redes sociais de amigos, parentes e conhecidos. A todo momento você vai encontrá-los recebendo declarações de amor ou até mesmo disputando espaço com fotos de entes queridos. Como explicar esse amor extremo pelos nossos bichinhos de estimação, que faz com que grande parte deles se torne quase um membro da família?

Para o veterinário da PUC Minas em Betim Vitor Márcio, a doçura e a fidelidade dos animais podem ser um dos motivos dessa relação de amor entre homens e bichos. “Eles demonstram afeto sem medida. São dependentes dos nossos cuidados. Essa aproximação estimula sentimentos nos seres humanos, que compreendem o valor da vida de cada animal como único e, por isso, especial”.

O veterinário Bruno Galli também concorda. Segundo ele, essa relação é antiga e está sendo aprimorada há séculos. “Ao longo da história da humanidade, os animais sempre estiveram junto das comunidades. Eles sabem conseguir o que querem. Sempre estão à disposição, sem se importar com os problemas dos humanos. Querem apenas carinho e atenção”, salienta.

É com esse sentimento de amor que a estudante Bruna Juliana Bueno trata em seu apartamento, no bairro Ouro Preto, em Belo Horizonte, seus 23 gatos e três cães de estimação. “Eles são meus bebês. Não tenho coragem de entregá-los a ninguém. Uma mãe não doa seus filhos, não é mesmo?”, afirma a estudante, que também cuida de mais seis cachorrinhos para doação em casa.

Bruna diz que, por amor a eles, já abriu mão de muitas coisas para si. “Deixei de viajar várias vezes para não deixá-los sozinhos, de comprar coisas que precisava para casa, por causa deles. Tenho de levá-los ao veterinário constantemente, comprar ração de boa qualidade, manter as vacinas em dia. O custo mensal é alto, mas faço isso com muito amor. Não me arrependo de nada. Se tivesse de voltar no tempo, faria tudo de novo”, salienta.

Além de criar 23 gatos e três cães em seu apartamento, a estudante Bruna também cuida de seis cachorrinhos para a adoção

Galli frisa que, apesar de essa relação ser benéfica para ambos, é preciso haver um equilíbrio. “É necessário não deixar o dono esquecer que aquele bichinho é um animal, e não um ser humano. Tratá-lo de forma humanizada pode gerar traumas e vícios indesejáveis, até mesmo causando problemas de saúde ao animal. Um exemplo é a alimentação errada”, pondera o veterinário.

A importância dos animais na vida do estudante Douglas Campos Oliveira é tão grande que, além de ter abdicado de dois empregos e de fazer faculdade para cuidar dos animais, no ano passado, ele chegou a fazer orações para que seu cavalo não morresse. “Ele teve tétano. Levei-o para o veterinário, mas acreditei que a doença podia ter sido ocasionada por inveja, mau-olhado, já que ele era muito vistoso. Fiz várias orações, pedi para minha mãe e minha vó para orarem pela vida dele. Infelizmente, nada adiantou”, lamenta.

O mesmo aconteceu, recorda Oliveira, com Tico e a Sabrina, dois cães que ele tinha há mais de 10 anos. “Eles contraíram leishmaniose e, por causa disso, tiveram de ser sacrificados. Sofri demais. Parece que perdi um ente da família. Os animais não são seres humanos, mas nós criamos um vínculo, uma amizade com eles. Eles se tornam nossos companheiros”, afirma o estudante.

Segundo a psicóloga e pedagoga Maria Cristina Fellet, esse amor extremado pode ser compreendido pela solidão, pelo distanciamento das pessoas nos grandes centros urbanos. “A insegurança e a necessidade humana de se sentir amado também influenciam esse sentimento

humano de se sentir amado.”

Anjo da guarda

“Já corri atrás de carroça desgovernada no meio da rua, com medo de o cavalo ser atropelado. Machuquei-me salvando um gato de um ataque de cachorro. Depois de Deus e da minha família, os animais são a minha vida, meus anjos da guarda. Sou uma pessoa alegre, não tenho depressão nem doenças físicas, e isso eu devo aos animais. Eles me trazem disposição, vitalidade.” Para a presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Betim, Zilda da Silva Cabral, 65, esse é o significado dos animais na sua vida.

Há 38 anos ela realiza na cidade um trabalho de resgate de animais doentes, abandonados e atropelados. No total, Zilda acredita que já tenha ajuda quase 1.500 animais. “Só nos últimos três meses, resgatei 12. Isso me tornou uma pessoa melhor. Aprendi com eles a respeitar o ser humano. Quando você vê nos olhinhos de um animal recuperado o agradecimento, a lealdade, por tão pouco que você oferece, você fortalece seu espírito”, afirma.

Benefícios

A psicóloga Maria Cristina Fellet explica ainda que estudos recentes têm comprovado os benefícios de um animal de estimação para a saúde física e mental dos donos. “Alguns deles são a produção de endorfina, que traz bem estar e melhor qualidade de vida para as pessoas, a redução de sintomas físicos e emocionais, de risco de desenvolver doenças como a depressão. Tenho um amigo que deu para a mãe, que estava deprimida, um cãozinho ao qual chamaram de Vida. Surtiu efeito esperado por ele. Hoje, eles têm mais três cães: os filhotes da Vida”, conta.

Já alguns estudiosos, explica a psicóloga, afirmam que, num mundo tão estressante e automatizado, haveria, hoje, a necessidade do homem de se ter um animal de estimação por perto. “Elas proporcionam vivências lúdicas e relaxantes. Até mesmo em prisões americanas os animais são utilizados e possibilitaram menores níveis de ansiedade e agressividade nos presos.”

 

Curiosidades

A relação entre os homens e os animais é antiga. Surgiu da necessidade do ser humano de se alimentar – com a produção de carne e de leite –, de aquecer-se contra o frio – com o uso da lã – e de proteção. Desde que o homem começou a domesticá-los, para que eles lhe pudessem prestar serviços, passou a desenvolver apreço e admiração por eles.

Muitos séculos se passaram e, no mundo contemporâneo, vivenciamos um verdadeiro boom do universo pet. Alguns humanos parecem mesmo exagerar na relação que estabelecem com seus animais de estimação. O mercado aproveita esse comportamento, criando, a todo momento, novos produtos para atender a essa demanda.

 

 




AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Mais. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Mais poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.