As diversas faces de um artista

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Criado em 20 de Fevereiro de 2013 Talento
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Arte circense
 
 Ex-integrante do Cirque du Soleil, o mineiro de coração Rodrigo Robleño já levou sua arte para os quatro cantos do mundo; ele se apresentou, com a trupe canadense, cerca de 1.500 vezes e em 12 países
 
Um artista multifacetado. É assim que o professor, autor, diretor, ator, performer, um dos fundadores do grupo de escotismo de Betim e ativista por um mundo melhor Rodrigo Robleño pode ser definido. Apesar de ter nascido em São Paulo, o artista se considera mineiro, mais especificamente, betinense, desde pequeno. É que aos 10 anos ele veio para Minas, Estado pelo qual se apaixonou. “Eu dormia durante a viagem e quando o carro, uma Variant velha e bege, ultrapassou os limites do Estado, minha mãe deu um grito e disse: ‘estamos em Minas’. Nesse momento, eu abri os olhos e deparei com o céu mais estrelado que jamais voltei a ver na vida”, relembra Rodrigo.
Nos palcos
Além de interpretar vários personagens,
como o palhaço Viralata, atua
com bonecos, teatro, TV e cinema.
Nos bastidores
É professor de teatro, técnicas circenses
e palhaço, autor e diretor para TV,
cinema e teatro, além de
oferecer palestras.
“Viemos para Betim – eu, meus pais e meus irmãos – porque meu pai conseguiu um emprego em uma empresa da cidade. Hoje, moro em Belo Horizonte, por causa da profissão, e minha família mudou-se para Joinville, em Santa Catarina, Mas nesse meio-tempo moramos também em outros lugares. Quando eu tinha 12 anos nos mudamos para a Espanha, a terra de meu pai. Buscávamos melhorias para a nossa vida. Lá conheci as duas grandes paixões de minha vida: o teatro e o escotismo. Ficamos no país apenas um ano, mas foi nesse curto período que decidi que essas seriam as duas bases de minha vida”, afirma.
 
Ao voltar para Betim, Rodrigo fundou um grupo escoteiro, o Olave Saint Clair, que existe em Betim até hoje. “Para mim o escotismo é uma das grandes ferramentas educacionais do mundo. Praticar um bom escotismo é ajudar a construir um  mundo melhor. É estar alerta para contribuir com a sociedade e com cada indivíduo. É servir a si mesmo e ao próximo”, ressalta.
 
Na época, o artista entrou para um grupo de teatro amador da cidade – o Lágrimas da Terra, de Valdo Martins. Foi nele que realizou seus primeiros espetáculos. “Depois, em 1988, cheguei ao Teatro Universitário (TU), da UFMG. Lá, conheci o curso de palhaço, através do grupo argentino La Pista 4.

 

 

O nariz de palhaço
Em sua jornada como artista, Rodrigo também deu vida ao palhaço Viralata, protagonista do famoso espetáculo “Viralata: o Palhaço tá Solto”. Ele explica que o nariz de palhaço, um dos seus principais instrumentos de trabalho, é um símbolo de liberdade, provocação, denúncia e alegria. “Apenas quando esses quatro pontos estão juntos é que a gente pode pensar em ser um palhaço pleno. Para ser um grande palhaço não faz falta usar o nariz, mas, sim, encontrar seu próprio ridículo, ser livre para criar e sentir, provocar emoções que desequilibrem o público, denunciar a risível condição humana e, ainda assim, causar
o riso no público.”  
 
Rodrigo ainda deixa um recado para os leitores: “Viver vale a pena. É difícil, estamos em constante aprendizado, mas vale a pena. Vale a pena ver o mundo, a cada dia, como um novo mundo. Vale a pena fazer amizades e encontrar velhos amigos. Vale a pena conhecer lugares ou olhar sua casa e seu caminho até o trabalho como se fosse a primeira vez”, finaliza.
Me formei e fui trabalhar na Fundação Artístico-Cultural de Betim (Funarbe), dando aulas e coordenando as artes cênicas”, conta.
 
Algum tempo depois, Rodrigo Robleño vivenciou uma das maiores experiências de sua vida, ao participar, entre 2006 e 2010, da turnê mundial do espetáculo “Varekai”, do Cirque du Soleil. Segundo ele, um amigo que atuava com ele o inscreveu no teste duas vezes para fazer parte da trupe canadense. “Na primeira nem apareci. Na segunda, eu queria que algumas pessoas do Rio de Janeiro – onde seria a audição – conhecessem meu trabalho. Eu tinha as mesmas características físicas e técnicas que eles precisavam para o personagem do espetáculo. Um ano depois me chamaram. Fui para o Canadá ensaiar e estreei na Austrália. Ao todo, foram quase 1.500 apresentações, em 12 países”, conta.
 
No Cirque du Soleil, Rodrigo teve de aprender a falar inglês para se comunicar. “Muitos falavam o espanhol. Isso também ajudou muito. Conheci, ainda, duas trapezistas brasileiras que já arrasavam por lá: Michele Ramos e Natália Presser. Ambas me ajudaram bastante na fase de adaptação e, ainda hoje, são grandes amigas.”
 
Rodrigo conta que uma das experiências incríveis que vivenciou quando estava no grupo foi quando estrearam, pela primeira  vez, em Londres. Isso porque, segundo ele, o espetáculo não foi apresentado na lona, como de costume, e sim no teatro Royal Albert Hall. “Grandes nomes das artes se apresentaram naquele palco. E, quando eu estava andando pelos arredores, vi uma placa dizendo: ‘Aqui morou Lord Baden-Powell, fundador do escotismo’. Foi uma alegria ver aquele enunciado. Depois de tantos anos, minhas duas paixões, o teatro e o escotismo, estavam, assim, tão perto.”
 
Questionado sobre o que é fazer arte no Brasil, Rodrigo responde de imediato: “Ser artista no nosso país é reflexo de nossa cidadania, de nossa realidade enquanto povo e nação, com todas as nossas peculiaridades, necessidades e conquistas. Todo brasileiro tem um pouco de espírito artístico, ainda que não trabalhe com arte. No âmbito profissional, infelizmente, ainda temos muito a realizar. Além do meu trabalho artístico, tenho uma luta constante em torno das políticas culturais”.

 




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