Audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve...

Cultura

0
Criado em 10 de Agosto de 2015 Cultura
A- A A+
NESTE ANO, FALECEU UM ATOR, LEONARD NIMOY, levando com ele um dos personagens favoritos do mundo da ficção científica: o Senhor Spock, da série “Jornada nas Estrelas”. A memorável frase da abertura “O espaço, a fronteira final... Estas são as viagens da nave estelar Enterprise, em sua missão de cinco anos para explorar novos mundos, pesquisar novas vidas, novas civilizações, audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve” mobilizou gerações e gerações em todo o mundo.
 
O universo das aventuras espaciais no cinema e na literatura traz à tona questões essenciais para a compreensão da vida, que desafiaram o homem real a se projetar no espaço em busca de informações sobre diversas questões. E a primeira delas? - Se nós estamos sós no universo. O passo mais importante desse projeto, até os nossos dias, foi a ida do homem à Lua, fato que ocorreu em 20 de julho de 1969. Ao pôr o pé na Lua, o astronauta norte-americano Neil Armstrong tornou-se o primeiro homem a pisar o solo de outro corpo celeste. Atualmente, ao contrário do que se pensava, sabe-se que a Lua tem água – e em volume surpreendente – nas formas de "orvalho", de gelo depositado no fundo escuro de crateras e, sobretudo, no interior de suas rochas.
 
Os últimos anos vêm se tornando ricos neste início de nosso nomadismo no espaço. A nave europeia Rosetta depositou o robô Philae, em novembro do ano passado, no cometa 67P/Churymov-Gerasimenko e descobriu que ele poderia abrigar micro-organismos em abundância. Caso a tese seja confirmada, reforçará a teoria segundo a qual os cometas desempenharam um papel importante na aparição da vida sobre a Terra. A comunidade científica acredita que não apenas levaram água, mas, também, encheram os oceanos com moléculas complexas.
 
Os dados coletados pela missão Rosetta revelaram uma superfície preta, rica em materiais orgânicos complexos que abrangem o gelo. As imagens mostram grandes "mares" e lagoas que poderiam ser formados por água congelada coberta por detritos orgânicos e blocos. Todos esses elementos são "compatíveis" com a presença de organismos vivos microscópicos. É o que disse Max Willis, da Universidade de Cardiff e Chandra Wickramasinghe, diretor do Centro de Astrobiologia de Buckingham, durante uma reunião da Royal Astronomical Society, em Llandudno, no País de Gales.
 
De Marte também vêm novidades interessantes. O robô rover Curiosity, da Nasa, encontrou evidências de que pode existir água em sua forma líquida próximo à superfície de Marte. O Planeta Vermelho, por sua distância do Sol, seria muito gelado para conseguir manter água na superfície, mas sais no solo podem diminuir seu ponto de congelamento, permitindo a formação de camadas de água bem salgada – como uma salmoura. Os resultados dão credibilidade à teoria que diz que as marcas escuras vistas nas imagens como paredes cheias de cratera poderiam ser formadas por água corrente. Essas descobertas recentes da Nasa foram divulgadas na publicação “Nature”. Cientistas acreditam que finas camadas de água se formam quando os sais no solo, chamados de percloratos, absorvem vapor de água da atmosfera.
 
Em 14 de julho, a New Horizons, que viaja pelo espaço há mais de nove anos, atingiu a distância mais próxima de Plutão, 12,5 mil km. O feito deve ajudar cientistas a descobrirem mais detalhes sobre o corpo celeste e o chamado Cinturão de Kuiper. A sonda espacial viajou por quase 5 bilhões de quilômetros (a distância entre Plutão e a Terra) até chegar perto de Plutão.
 
Contudo, a grande novidade sobre a aventura humana no espaço não veio de um robô, nem de uma nave espacial, mas do Telescópio Espacial Kepler. A Nasa anunciou a descoberta do primeiro planeta do tamanho da Terra na órbita de uma estrela em zona habitável. Isso significa dizer que as condições permitem a existência de água líquida no planeta. Observações feitas com o Kepler é que propiciaram esse feito. A existência do Kepler-186F, como o planeta é conhecido, confirma que há outros do tamanho da Terra na zona habitável de estrelas que não sejam o Sol.
 
Mas, afinal, por que essas descobertas são tão importantes? A água é o componente biológico essencial para a manutenção da vida animal e vegetal. No entanto, existem organismos que, submetidos às condições sazonais do ecótopo onde estão inseridos, possuem homeostase (equilíbrio interno), conseguindo sobreviver sem água. Denominamos esse estado de anidrobiose, em que todas as reações metabólicas – nutrição, locomoção e reprodução – ficam suspensas, aguardando condições propícias para sua expressão. Assim, onde há água, em qualquer quantidade, de qualquer qualidade, pode estar presente a vida, a semente, que voltará a desabrochar no momento oportuno.



AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Mais. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Mais poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.