De Betim a Paris

Isabela Couto

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Criado em 11 de Novembro de 2013 Talento
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Um dos mais novos talentos na arte da pintura no país, a artista plástica Isabela Couto encanta o mundo com suas obras criadas de forma despretensiosa e sem seguir apenas um estilo
 
Pollyanna Lima
 
Sem seguir técnicas ou convenções, a psicanalista e artista plástica Isabela Couto cria imagens que encantam o público. Ligada às novas tecnologias, ela usa as mídias para divulgar seu trabalho e comercializar seus quadros. Com toda essa exposição midiática, Isabela ganhou visibilidade e foi convidada, inclusive, para expor seu trabalho no Louvre. Uma das maravilhas do mundo da arte, o museu, localizado na cidade de Paris, na França, é um dos maiores do planeta, já tendo sido uma fortaleza medieval e até um palácio dos antigos reis do país. A exposição dela aconteceu entre os dias 26 e 27 de outubro.
 
“Foi uma exposição coletiva. A curadoria selecionou uma obra de cada artista para ser exposta no Louvre. A minha pintura tem o nome de ‘Angel Us – A Fuga da Sagrada Família para o Deserto’. Nela, está representado um grande anjo e, sob a saia dele, está a sagrada família salvando Jesus da matança de crianças promovida pelo rei Herodes. Trata-se de uma imagem bem bonita. A pintura ficou muito alegre e encantada”, explica a artista.
 
 
Para produzir suas obras, Isabela não segue uma tendência ou um estilo. Ao contrário, ela começou a pintar de uma maneira despretensiosa e mantém essa linha até hoje. “Tudo vem acontecendo de forma inusitada e experimental. Dizem os entendedores que sou uma artista naif, ou seja, com um estilo ingênuo, fora do academicismo. Já outros preferem me rotular como uma artista outsider, um estilo que diz sobre o outro lado da arte acadêmica. Mas, para mim, qualquer um dos dois pode me abraçar, tanto faz, quero apenas pintar algo aprazível ao espectador”, completa.
 
Isabela pintou até hoje, aproximadamente, 100 quadros e já vendeu a maioria deles. Ela expôs suas obras em pouquíssimos salões, porque, segundo ela, as galerias, atualmente, não são o seu foco. “Sou nova em tudo isso, estou tateando as possibilidades. Não sou uma galerista e não me preocupo com exposições em vários salões de arte. Sou extremamente tecnológica e, na verdade, uso desses artifícios para divulgar o meu trabalho”, explica.
 
 
Para a artista, o sucesso e o reconhecimento ainda são recentes. “Pintei, de 2004 a 2006, cerca de 40 obras e vendi muitas delas. Em 2006, passei no concurso do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), onde trabalhei até 2012. Nesse período, fiquei sem pintar por falta de tempo e foco. As artes não eram um plano de vida para mim. Agora, de 2012 a 2013, recomecei com a pintura em tempo integral e recebi um ‘boom’ de encomendas. Vendi quase todos os meus quadros e já estou com 16 obras pré-vendidas, trabalho para todo o ano de 2014. Todas essas obras são pintadas em minha própria residência, o meu ‘aparteliê’, como bem o batizou minha mãe”, conta.
 
No momento, todas as telas de Isabela são comercializadas sob encomenda. De acordo com a artista, as pessoas gostam dos traços e das cores de suas pinturas. “A pessoa sugere um tema e eu pinto. Tem sido assim, por enquanto”, revela.
 
A inspiração para tantas imagens, Isabela busca em tudo o que vê: cinema, teatro, espetáculos de dança, estampas de vestidos, camisas, shows de música, imagens na internet, textos e até livros. “A cabeça de quem cria está totalmente comprometida com o que vê”, conta. Para a artista, não existem limites para a imaginação.
 
 
Como tudo começou
A pintura entrou na vida de Isabela Couto aos 28 anos de idade. Ela sentiu vontade de pintar e comentou com sua mãe, que logo a incentivou a comprar tinta e tela para tentar algo. “Foi um experimento sem aulas, sem técnicas acadêmicas, algo bem caseiro, doméstico e silencioso”, confidencia. E, apesar de tão pouco tempo no mundo da arte, Isabela já demonstra ter toda uma habilidade.
 
“Todas as vezes que comecei a pintar, eu estava vivendo oceânicos conflitos existenciais, um misto de raiva, indignação e tristeza. Em 2004, foi assim, e, agora, quando voltei, em 2012, também ocorreu a mesma coisa. Em razão da minha formação psicanalítica, posso afirmar que a arte, seja a dança, seja a escultura, seja a literatura, seja a pintura, seja o desenho, é uma forma de os artistas ajeitarem seu mundo para viver um pouco melhor. A arte para mim é isso: o ‘atchim’ da minha gripe. É uma forma de limpar a alma. No caso, escolhi a tinta para me expressar e explanar meus sentimentos’, finaliza.




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