É menino ou menina?

Descobrir a gravidez é quase sempre uma surpresa para futuros papais e mamães. Passada a emoção de saber que um bebê está a caminho, a segunda, para a maioria dos casais, é descobrir se o pequeno ser humano é menino ou menina. Há algum tempo, essa descoberta era feita no consultório médico mesmo, após o exame de ultrassom. Mas muitos casais têm optado por fazer uma verdadeira festa para o momento da revelação, que ganhou o nome de “chá de revelação”.

Trata-se de um evento em que os pais descobrem o sexo juntamente com familiares e amigos. Há poucos registros sobre sua origem, mas o que se sabe é que a moda surgiu nos Estados Unidos e passou a fazer sucesso também no Brasil de uns três anos para cá. Há várias formas de organizar o chá: uma delas é com o bolo de cor neutra por fora e com a cor que vai indicar o sexo do bebê por dentro. Normalmente, usa-se rosa para meninas e azul para meninos, mas alguns casais trocam por lilás ou verde.

Outros meios de revelar o sexo são a caixa com balões cheios de gás Hélio, que os faz flutuarem quando ela é aberta, e um balão que, quando estourado, espalha papeis picados conforme a cor correspondente ao sexo da criança. Todavia, não há regras. O que vale mesmo é a criatividade dos pais. De acordo com a sócia-proprietária da confeitaria L’espace Gourmet, Brenda Teixeira, normalmente o médico entrega o envelope com o resultado para algum familiar. Essa pessoa é quem encomenda o bolo colorido ou providencia a surpresa.

Mercado

Não há dados gerais sobre como a nova tendência tem movimentado o mercado de festas infantis, mas profissionais ouvidos pela Mais afirmam que o chá tem chamado a atenção de muitos papais e mamães. “O chá de revelação vem sendo inovado a cada dia. O bolo já foi o centro das atenções, mas hoje há outras formas de descobrir e demonstrar essa surpresa”, afirma Brenda Teixeira.

De acordo com a proprietária da Encantarte, empresa especializada em decoração de eventos infantis, Andreza Sodré, a demanda tem aumentado. Há um ano, ela decorava um chá de revelação a cada dois meses. Atualmente, faz de dois a três por mês. Segundo a empresária, a decoração costuma seguir a mesma linha: tudo rosa e azul ou com os nomes que os pais pensaram para o bebê. Há a possibilidade de ser um evento temático também, com, por exemplo, príncipe e princesa, ursinhos coloridos, entre outros. Ela ainda explica que muitos casais têm preferido realizar o chá de revelação juntamente com o já tradicional chá de fraldas, quando são pedidos pacotes de fraldas de presente.

Na opinião da decoradora, a tendência é que o evento de revelar o sexo do bebê cresça. “O mercado de decoração é rotativo. Então, creio que o chá de revelação vá crescer, até surgir outra coisa que o substitua”, opina.

Festa

A cerimonialista Bruna Cotta, de 30 anos, mãe do pequeno Thomas, de 2 meses, fez do chá de revelação uma verdadeira festa, com direito a decoração, bifê, boate, cabine de foto, lembrancinhas e até identidade visual. “Eu peguei o exame lacrado e entreguei para o rapaz que fez o bolo. Ninguém da família sabia, o que tornou o momento ainda mais emocionante”, conta. “O exame foi realizado numa sexta-feira, e o chá, numa segunda. Nesse período, a ansiedade foi apenas um dos sentimentos. No dia em si, na hora de cortar o bolo no meio do salão e ver a fatia verde, a emoção de saber que Thomas estava a caminho tomou conta de nós”, conclui.

“Acho que vale muito a pena fazer o chá pela emoção de descobrir junto com seus familiares e amigos. É lindo ver a expressão das pessoas na hora. Nosso filho foi muito esperado por toda a família”, relata Bruna, que é casada com Dênis Diniz, de 30 anos.

Online

Já a pastora da Igreja Batista da Lagoinha Isa Coimbra, de 31 anos, optou por fazer uma transmissão ao vivo pelo Instagram. Ela e o marido, Flaviano Marques, de 32, já são pais de Lucca, de 1 ano e 6 meses. O sexo do garotinho foi descoberto no consultório mesmo, mas, na segunda gestação, eles quiseram descobrir de uma forma diferente.

A transmissão da mensagem de que  Lara está a caminho foi um meio de envolver todos que têm ligação com o casal. “Por sermos líderes na igreja, temos contato com muitas pessoas, e todas são extremamente preciosas para nós. Queríamos fazer algo especial para a revelação, que não pesasse em nosso orçamento e de que todos pudessem participar”, diz Isa.

Sonho

A confeiteira Jéssica Nonato Lauar, de 26 anos, realizou algo em casa, com os amigos mais próximos dela e do marido, Nelson Lauar, de 27. Pais do pequeno Noah, hoje com 1 ano, eles fizeram o exame que revelou o sexo com 12 semanas de gestação, mas também quiseram descobrir e compartilhar com os mais chegados, até mesmo para registrarem o momento.

Foram dois dias de espera entre o ultrassom e a revelação. A emoção quando a fatia de bolo saiu verde foi indescritível, segundo Jéssica. “Todos pularam, vibraram e gritaram muito com a gente porque sabiam que queríamos muito um menino. A materialização da criança começa a acontecer no chá de revelação”, conta.

Registros fotográficos

O fotógrafo é um dos profissionais requisitados pelos casais grávidos que desejam fazer o chá de revelação. A proprietária da Le Petit Fotografias, Catia Mattos, especializada em fotos infantis, de gestantes e de família, começou a fazer esse tipo de imagem em 2016. Como o chá normalmente é marcado em cima da hora, pois as mães ficam sabendo e logo querem fazer a comemoração, ela nem sempre pode realizar o registro devido à agenda. “Em 2018, tenho visto que essa novidade aumentou muito. Então, creio que a demanda por fotografia também irá crescer”, estima.

A fotógrafa especializada em newborn e fotografia de família Jéssica Nery, além de registrar os chás, criou uma modalidade para os casais que querem revelar o sexo do bebê de uma forma diferente. Ela busca o resultado ou entra em contato com o médico e prepara o cenário conforme o gosto do cliente, seja com bolo, seja com caixa de balões, seja com outros métodos. A partir daí, toda a emoção da descoberta feita pelo casal é gravada pelas lentes de Nery. De acordo com ela, “é impossível não se emocionar, torcer e vibrar com a família”.