Inovação no cardápio

Escolas públicas de Belo Horizonte vão oferecer opções de merenda sem carne a partir do ano que vem. Benefícios à saúde e ao meio ambiente são algumas das motivações da medida.

Criado em 19 de Dezembro de 2019 Novidades
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Iêva Tatiana

Belo Horizonte deu um passo importante – e pioneiro – na direção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) ao anunciar, no fim de outubro último, a inclusão de opções vegetarianas e veganas na merenda escolar dos alunos da rede municipal de ensino. A previsão é que o cardápio diferenciado passe a ser ofertado a partir de junho de 2020, em um grupo-piloto de escolas, conforme antecipado pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania (Smasac).

Aos poucos, a iniciativa será ampliada para outras instituições, com acompanhamento e avaliação em todas as etapas, incluindo testes de aceitabilidade dos pratos. “Até a implantação do projeto, várias ações serão desenvolvidas, como o esclarecimento e a sensibilização da comunidade escolar (gestores, trabalhadores da educação, alunos e pais de alunos) e o treinamento das cantineiras e dos cantineiros responsáveis pela produção da alimentação nas escolas”, informou a pasta.

A relação desarmônica existente entre o consumo de carnes e a preservação ambiental – mostrada na matéria de capa da última edição da revista Mais – foi um dos fatores que motivaram a adoção da medida. A necessidade de diversificar a alimentação e a possibilidade de ampliar o acesso das crianças a legumes, verduras, grãos e frutas também pesaram na decisão, de acordo com a Smasac. Ainda segundo a secretaria, tais preceitos constam, inclusive, em dois documentos do Ministério da Saúde: o “Guia Alimentar para a População Brasileira” e o “Guia Alimentar para Menores de 2 anos”.

Outra questão levada em consideração pela prefeitura da capital foi “a própria demanda de alguns pais questionando o uso cotidiano da carne na alimentação escolar e solicitando que se tenham outras opções”.

Equilíbrio

As refeições vegetarianas e veganas serão uma alternativa nas instituições públicas de ensino belo-horizontinas e não implicarão a retirada da proteína animal do cardápio. Carnes, ovos e laticínios continuarão presentes na merenda escolar, e as opções vegetarianas estarão disponíveis em alguns dias da semana, de acordo com o cardápio e com o planejamento feito pela equipe de nutricionistas da Smasac.

“O objetivo é reduzir o consumo de produtos de origem animal sem comprometer os parâmetros nutricionais estabelecidos para a alimentação escolar, ou seja, manter a oferta de todos os nutrientes necessários e a qualidade, além de ampliar a diversidade de preparações e de ingredientes”, esclareceu a pasta.

“Estamos muito felizes por firmarmos esse pacto com Belo Horizonte. Temos a expectativa de que muitas outras grandes cidades do Brasil farão o mesmo, pois, como as estimativas mostram, essa é uma forma eficiente de cuidar da saúde de nossas crianças e do meio ambiente, a qual está ao alcance de todas as prefeituras do país”, ressalta a diretora-executiva da Mercy for Animals no Brasil – organização internacional de proteção animal –, Sandra Lopes.

Possibilidade de escolha

Nas escolas estaduais mineiras, embora não haja um cardápio específico sem carne, os alunos têm a opção de pedir, durante a distribuição da refeição, que qualquer um dos alimentos seja retirado do prato, conforme informado pela Secretaria Estadual de Educação (SEE/MG).

“Todas as unidades escolares seguem as cartilhas ‘Cardápios da Alimentação Escolar’, que trazem opções variadas de preparações para serem servidas aos alunos. Os cardápios da rede estadual são elaborados pela equipe técnica de nutricionistas e atendem às recomendações do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) em relação aos parâmetros nutricionais. As cartilhas visam promover uma alimentação variada e equilibrada, estimulando o consumo de frutas e hortaliças, além de alimentos com baixos teores de sódio, gordura e açúcar, sendo que algumas dessas preparações não possuem carne”, destaca a SEE/MG.

Já em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, a Coordenadoria de Alimentação Escolar da Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou que não são ofertados alimentos especiais para uma dieta vegetariana e/ou vegana por não haver uma demanda declarada atualmente.

“Contudo, é importante reforçar que já são fornecidas frutas, grãos, verduras e legumes frequentes nos cardápios das unidades escolares do ensino fundamental e da educação infantil”, assegura a pasta.




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