Nos embalos da vida noturna

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Criado em 08 de Outubro de 2012 O Papo é outro
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   Ao acompanhar a oitava edição do Betiquim, que tem a revista Mais como um de seus principais veículos de divulgação, pude fazer parte da vida noturna desta cidade e conhecer as diversas opções que ela oferece. Percebi que muita coisa boa pode ser apreciada por aqui.  
 
 Interessante como o mercado de diversão noturna está crescendo e aberto a oportunidades de bons negócios para uma clientela promissora. Betim não fica atrás das grandes metrópoles no que diz respeito aos cidadãos que têm uma vida noturna ativa. É comum uma imensidão de pessoas à procura de locais para frequentar nas madrugadas adentro.
 
 O Betiquim foi meu termômetro. Mas diversos eventos paralelos também agitam a cidade e preenchem o vazio dos que, depois de um dia voltado para o trabalho, conseguem varar as madrugadas em busca de agito e diversão.
 
 São Paulo não pode ser tomada como referência. De segunda a segunda, existe lá uma vasta programação para todos os gostos. Próprio de uma cidade de mais de 13 milhões de habitantes. Entretanto, não precisaremos atingir tamanho número de pessoas para que as opções cresçam cada vez mais. Principalmente porque há uma escassez de oportunidades para os amantes de variados estilos musicais.
 
 A contribuição do Betiquim é muito importante para a cidade. Inigualável para o crescimento de demandas e melhorias na qualidade de atendimento dos estabelecimentos comerciais. O que um dia chamamos de Capela Nova é hoje uma cidade em pleno crescimento. Mistura-se à capital e às cidades vizinhas para se transformar em uma região industrial, que serve de alavanca para empreendedores.
 
 Claro que muita coisa ainda tem de mudar. E essas transformações trarão benefícios para os que buscam qualidade nos serviços prestados. Como em qualquer empresa que não preza pelo cliente, através de uma prestação de serviço benfeita, os que não se adequam estarão, muito em breve, fora do cardápio de opções da cidade.
 
 Tenho plena convicção de que vários empresários estão de olho nesse mercado promissor. Milhares de pessoas que procuram na noite um momento de distração e não têm paciência para cortar duas cidades em busca de diversão em Belo Horizonte.
 
 Mas, mesmo diante de tantos elogios durante esse festival de comida de boteco, um fato negativo me chamou atenção. Refere-se à Lei Antifumo, que, infelizmente, é desrespeitada por alguns estabelecimentos, que afirmam a seus clientes, fumantes ou não, que, no local, é permitido o uso do cigarro na área estritamente destinada aos não fumantes. Um atraso de pensamento que leva à perda de clientes. 
 
 Uma fiscalização ativa aplicaria a multa destinada a tal infração. Mas, mesmo sem a fiscalização, não existe argumento positivo que possa contrariar o direito do não fumante. É a lei.
 
Sem querer entrar no mérito de direito e dever das partes envolvidas, fumantes e não fumantes, o proprietário de um estabelecimento que desrespeita essa lei está produzindo um álibi contra si mesmo. Afinal, a partir do momento em que, em todo o país, a lei funciona, a determinação de fumar ou não dentro do estabelecimento não cabe ao dono do local. É proibido, e pronto.
 
A lei colocou um ponto final para os comerciantes de bares, que tinham que se desgastar solicitando aos fumantes que se dirigissem ao local adequado. Inteligente quem usa a lei a seu favor. Não é ele que está proibindo. Mas a falta de raciocínio, ou seja lá o que for, faz com que o proprietário prefira desrespeitar a lei e ainda desagradar àqueles que não são obrigados a respirar fumaça dos outros.
 
Eu estou sem entender essa posição de alguns estabelecimentos desta cidade, que já deixou de ser interiorana faz tempo. Não se trata de um costume. Houve um caso em que eram duas as mesas de não fumantes contra duas pessoas que jogavam sua fumaça em nossa direção. Quando pedi ao garçom para que mudassem as pessoas de lugar, ele me disse que, na casa, não era proibido fumar. Afirmei que não se tratava de a casa permitir ou não e que não gostaria de causar um desconforto. Problema resolvido. Mas o estabelecimento perdeu minha credibilidade. Difícil eu voltar lá. Longe de um discurso
moralista. O fato é que incomoda.
 
Outra situação importante para os que acompanharam o Betiquim e demais eventos não só de Betim, mas das cidades vizinhas, é que existe uma preocupaçãodos promotores dos eventos e dos estabelecimentos comerciais com relação aos quesitos qualidade e atendimento. Destaco, neste momento, o companheiro Renato, idealizador do Betiquim, e suas promotoras, que estiveram presentes todas as noites. Preocupados com a contextualização do festival e o cumprimento das regras, eles merecem meus elogios.
 
Acho que chegou a hora de os clientes fazerem valer sua força de buscar cada vez mais qualidade. Nem todos se preocupavam com sua clientela como agora. Estar na vitrine de um festival é promover ou fracassar seu negócio. Como diretor da revista Mais, estive em praticamente todos os locais. Pude encontrar qualidade, respeito ao cliente em locais distantes do centro, aonde provavelmente não iria se não fosse essa parceria com o festival. Mas, com esse evento, valoriza-se o que é bom e abrem-se oportunidades para que cada vez melhores estabelecimentos possam se instalar na cidade. 
 
Cabe, agora, ao cidadão se colocar numa posição acima do esperado. Dar  valor aos que respeitam sua presença. É assim que a cidade e todos os seus habitantes ganham. Em locais onde a população sabe dar valor ao respeito que lhe é dado pelos locais que frequenta, a qualidade do atendimento aumenta visivelmente. Tenho certeza de que todos nós gostamos de estar em ambientes em que nossos direitos de consumidores são vistos não só de maneira extremamente legal, mas encarados com respeito e bom senso. 
 
Não é interessante trocar as opções daqui por outras mais distantes. Acredito realmente que novos empreendimentos irão surgir. A cidade está em plena ascensão. 
 
Cabe a nós valorizar isso para que não tenhamos de percorrer distantes trechos atrás de bom atendimento, qualidade e respeito ao cliente, o que, felizmente, já encontramos em diversas casas de shows e bares em Betim e região. No entanto, para que isso continue e melhore cada vez mais, é importante que sejamos fiscais de nosso próprio atendimento e que não deixemos de lado nosso poder de formadores de opinião. Valorizemos os empreendimentos locais. Agindo assim, nossas opções serão aprimoradas, assim como nosso proveito da noite, que, para mim, é pequena demais.

 

*Diretor da revista Mais. Bacharel em pedagogia.
Formado em políticas e estratégias pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra. Pós-Graduado em gestão ambiental e gestão do cooperativismo.
Graduado em direito. Membro da Jari da PRF, presidente do Setcob, membro do grupo Anjos do Asfalto, vice-presidente do Conselho de Políticas Urbanas da ACMinas.



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