Por você...

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Criado em 20 de Fevereiro de 2013 Extremos
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O que você seria capaz de fazer para declarar-se a alguém que ama? Segundo a psicóloga Patrícia Maria Silva de Aguiar, quando apaixonadas, as pessoas ficam com limites entre razão e emoção distanciados, o que propicia as chamadas “loucuras por amor”
 
“Por você eu dançaria tango no teto, eu limparia os trilhos do metrô, eu iria a pé do Rio a Salvador (...)”.
 
A música “Por Você”, do Frejat, se levada ao pé da letra, nos faz pensar: alguém seria mesmo capaz de cometer essas loucuras
por quem ama? Bom, dançar tango no teto poderia desafiar as leis da física, mas, nada parece ser impossível para aqueles que amam e que querem colocar isso à prova. As atitudes vão desde tatuar o nome do companheiro no corpo, até mesmo viajar milhares de quilômetros para um encontro apaixonado, que, até então, só existia via internet.
 
A psicóloga Patrícia Maria Silva de Aguiar, pós-graduada em neuropsicologia, explica que as pessoas, quando apaixonadas, são movidas pelas emoções. “Estar apaixonado pode ser muito saudável. A pessoa se sente confiante, a autoestima aumenta, os níveis de neurotransmissores contribuem para sensação de bem-estar. Contudo, algumas pessoas podem ficar com os limites entre razão e emoção bem distanciados. Neste momento, que pode ser curto ou bem prolongado, é preciso estar atento, pois, ser movido, demasiadamente, pelas emoções, pode colocar o indivíduo bem próximo a um ser sem limites”, explica.
 
A vendedora Ana Luiza Amaral, 21, conta que nunca se dispôs a cometer uma loucura maior do que gritar, bem alto, um “eu te amo”, no meio da rua, mas que já recebeu declarações inusitadas de várias formas. “Tem gente que acha um exagero, mas eu gosto de me sentir amada. Uma vez, um carro de som chegou bem na hora do intervalo, na escola, e um rapaz se declarou para mim. Outra vez, um menino foi capaz de subir em um palco, enquanto uma banda se apresentava, e declarou-se para mim. Eu namorava nesta época com outro rapaz, mas este – o que subiu no palco – disse que esperaria o tempo que fosse para ficar comigo. Foi lindo!”, relembra.
 
 
 Casado há 10 anos com Rafaela Costa, 27, Pedro Cavalcante, 30, fez uma tatuagem no braço para homenagear a esposa
 
Virou mania
Declarar na própria pele o amor pelo outro se tornou uma tendência entre os amantes. Esse é o caso do caminhoneiro Pedro Medeiros Cavalcante, 30. Ele fez uma tatuagem para homenagear a esposa, Rafaela Oliveira Costa, 27. “Há 10 anos estamos juntos. Desse relacionamento, tivemos dois filhos, Júlia e Gabriel. Por esses e outros motivos, eu resolvi tatuar as nossas iniciais, P e R”, conta. Rafaela explica que a tatuagem foi uma surpresa. “Ele não me disse que ia fazê-la. Chegou em casa com a tatuagem pronta. Gostei muito”, diz. “Loucura por amor ou não, fazer uma tatuagem pensando em um companheiro não deve ser um ato de impulsividade. Precisa ser pensado com calma”, enfatiza Renato de Souza Rocha, 27, tatuador há nove anos em Betim.
 
Apesar de já ter feito inúmeras tatuagens que homenageiam parceiros, como frases, nome ou até mesmo o rosto do companheiro, Rocha revela que a procura maior ainda é por pessoas que querem apagar a tatuagem. “As pessoas que vêm aqui para provar o amor à outra são sempre determinadas no que querem, são impulsivas. A gente pode aconselhar alguém a fazer ou não determinado desenho, e em determinado local. Mas, se a pessoa está decidida, temos apenas de fazer nosso trabalho. Eu, por exemplo, faço várias tatuagens em menores de 18 anos – sempre autorizados pelos pais – que escrevem o nome do namorado ou namorada em alguma parte do corpo”, conta. 
 
Fique atento!
Para a psicóloga Patrícia, existem alguns cuidados que devem ser tomados. “Certamente, a pessoa que se encontra em um momento seguro, que esteja bem consigo mesma, não sente necessidade de colocar o amor do outro à prova. Pessoas inseguras, entretanto, tendem sempre a questionar se o outro o ama na mesma medida. Acontece que o outro não consegue suprir as necessidades do inseguro e isso pode contribuir negativamente para um relacionamento”, salienta.
 
Há, entretanto, aqueles que, por amor, colocam até a vida em risco. É o caso da brasileira Helena Silva (nome fictício), 27, e do turco Adem Alp (nome fictício), 30. O encontro dos dois foi inusitado. “Nos conhecemos em março de 2010, em um chat, na internet. Eu queria ser professora de inglês, achei que seria bom treinar o idioma com estrangeiros. Foi então que conheci Adem. Ele era turco e, na época, eu nem sabia onde ficava a Turquia. Fomos nos falando todos os dias, até que percebi que pensava nele o tempo todo. Após um mês de contatos, Adem disse que viria ao Brasil e que queria se casar comigo. Eu aceitei e me empolguei”, afirma.
 
Helena conta que, como ela estava afastada da família, eles não souberam de seu relacionamento virtual. “Mas, minha amigas ficaram muito preocupadas. Elas diziam que eu não sabia se ele era um terrorista ou até mesmo um traficante de mulheres. Não me importava. Confiava nele”, enfatiza.
 
Adem conta que, apesar das dificuldades, embarcou em junho de 2010 para o Brasil. “Passamos 15 dias juntos. Combinamos que ela viria à Turquia no próximo dezembro e, em setembro de 2011, nos casaríamos. Um feliz incidente, entretanto, mudou os planos. Helena descobriu, um mês depois, que estava grávida”, revela o marido.
 
Mesmo sem emprego, sem dinheiro e  sem avisar a família, Helena decidiu adiantar a viagem. “Embarquei para a Turquia sabendo falar apenas "mehaba"- oi, em turco. Eu estava tão sem grana que, no aeroporto em Istambul, não tive dinheiro nem para comprar água. Felizmente, acabei sendo muito bem recebida por todos da família dele”, conta Helena, aliviada.
 
Depois do casamento, porém, as coisas não foram tão fáceis. “Não entendíamos direito o que o outro falava. Por isso, tivemos algumas discussões. Mas se eu pudesse, faria tudo de novo. Contudo, teria mais calma e planejaria melhor as coisas, para evitar esses pequenos transtornos. Mas tudo valeu a pena. Meu filho tornou-se minha razão de viver”, diz Helena, emocionada.

 




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