Sucesso made in Brazil

Dirtyloud

0
Criado em 16 de Dezembro de 2014 Música
A- A A+
Com mais de 220 mil fãs no Facebook e invejáveis posições nos charts das mais vendidas do Beatport, eles são figuras frequentes nos maiores festivais de música eletrônica do mundo e já fizeram remixes de gigantes do pop, como Shakira, Calvin Harris e Yoko Ono. Em entrevista a Mais, Marcus Vinícius Campos, metade da dupla, que conta ainda com o talento de Eduardo Nascimento, fala sobre o projeto Dirtyloud
 
Lisley Alvarenga
 
REVISTA MAIS - De que forma vocês conheceram a música eletrônica?
Marcus Vinícius - Com a globalização, rádio, televisão, é difícil não ficar conhecendo a música eletrônica, mas posso dizer que foi quando eu tinha cerca de 12 anos de idade que me envolvi mais. Na época, fazia muitas pesquisas de remixes das músicas pop que tocavam nas rádios, versões diferentes que ninguém tinha e, dessa forma, fui me interessando cada vez mais.
 
Por que você decidiu se tornar DJ?
Com um acervo de músicas diferentes, eu ia a matinês com 13, 14 anos de idade, e me imaginava tocando as minhas músicas ali. Sempre achei que o povo gostaria, então, demorei um pouco para tomar a iniciativa e, com 15 anos, resolvi fazer um curso de discotecagem. Já são 10 anos tocando.
 
Como vocês se conheceram?
Nós nos conhecemos em um estúdio de um amigo em comum. Eu já era DJ e mostrei ao Eduardo a vertente que eu tocava que ele ainda não conhecia. Ele gostou muito, então, resolvemos juntar nossos conhecimentos para criar o Dirtyloud.
 
Como surgiu a ideia do nome Dirtyloud?
Foi algo que tivemos de decidir rápido, pois tínhamos uma festa grande e fechada em Belo Horizonte para tocar com o projeto e precisávamos de um nome. O que nos levou a essa escolha foi a tentativa de descrever o nosso som no nome do projeto: Dirty (sujo) Loud (alto).
 
Quais suas principais influências musicais?
No início, podemos dizer claramente que foi o Deadmau5, especialmente, a música “Ghost n Stuff”. Hoje, as influências vêm de todos os gêneros musicais e artistas.
 
Então, de que forma vocês definem o estilo musical do duo hoje?
Muita energia, um som dançante e pra cima.
 
Vocês fizeram o remix oficial do hit “Dare (La La La)”, da cantora Shakira; da canção “À Prova de Bala”, da banda Fresno; e, é claro, da música “Hold Me”, para Yoko Ono, viúva de John Lennon. Como surgiram esses convites?
Vieram diretamente dos próprios artistas, que, de alguma forma, conheceram nosso trabalho, se interessaram e chegaram até nós com a proposta de darmos uma cara nova à música deles.
 
Frequentemente, vocês tocam ao lado do americano Skrillex e do canadense Deadmau5. Além disso, gigantes da música eletrônica no mundo, como David Guetta, Skream, Benga, Datsik e Excision, já tocaram suas produções. Como é para vocês ter o trabalho reconhecido por tantas estrelas?
Não existe nada mais gratificante. Isso é prova de que o trabalho está com qualidade e sendo benfeito. Acho que isso é o objetivo de todo profissional.
 
 
Quem são seus ídolos?
Na música eletrônica, podemos dizer Skrillex e Rob Swire. Uma banda brasileira, Charlie Brown Jr. e um gringo, Elton John.
 
Sonham tocar com algum artista ou banda em especial?
Já tocamos com tantos artistas que respeitamos e que admiramos muito que fica até difícil citar um em especial.
 
Por quantos países vocês já passaram?
Já nos apresentamos em 16 países.
 
Em que festa vocês mais gostaram de tocar?
Pergunta difícil, mas temos algumas favoritas. No Brasil, o Festival Lollapalooza foi incrível, com uma recepção do público nunca visto anteriormente em nosso país. Na África do Sul, foi a energia mais incrível que já presenciamos. E o Red Rocks, em Denver, lugar espetacular e o público insano também.
 
Quem gosta de música eletrônica não pode deixar de gostar do quê?
De outros estilos musicais. Não se feche apenas a um estilo.
 
O duo é mais reconhecido fora do Brasil do que aqui. Por que isso acontece?
Acho que o nosso país tem essa cultura de valorizar mais as pessoas de fora, achar que os gringos têm mais qualidade que os brasileiros. E eu posso afirmar que temos os melhores artistas do mundo em nosso país.
 
Tim Healey, em entrevista publicada na 23ª edição da revista “House Mag”, disse que vocês “vão reescrever o livro de regras sobre música eletrônica”. Como foi para vocês serem elogiados por ele, que é considerado um dos papas do electro house?
Mais uma vez, o reconhecimento de um grande artista nos dá forças para continuar fazendo nosso trabalho e nos faz ter a certeza de que temos qualidade. Não existe nada mais gratificante.
 
De que forma vocês avaliam a produção de música eletrônica no país?
Crescendo muito com o passar dos anos. Cada vez mais artistas de qualidade vão aparecendo no mercado. Vemos nosso país como grande expoente nesse mercado.
 
Como foi a apresentação de vocês na Esplanada do Mineirão?
Creio que uma das mais incríveis que já tivemos em nossa cidade, talvez, a mais incrível. A repercussão pós-evento foi inacreditável e não há nada que nos deixa mais felizes do que esse retorno.
 
Em qual local vocês mais gostaram de tocar em BH?
Gostamos dos eventos abertos, festivais, mas, se, for escolher um club sério, o Deputamadre, com certeza.
 
Marcus, é verdade que você foi um dos pioneiros do electro house em Belo Horizonte?
Sim, sempre toquei electro house e, na época em que comecei a tocar, as festas de música eletrônica eram apenas psy trance e um pouco de progressive trance. É claro que isso gerou várias críticas, pois tudo que é novo o público não quer aceitar, mas eu sabia que fazia um trabalho benfeito e via que o público gostava.
 
Quais as maiores dificuldades que já passaram na carreira, principalmente, de aceitação e reconhecimento?
O começo é sempre mais difícil. Falta de valorização do trabalho acho que é o maior problema, mas, como estávamos começando, tivemos de aceitar várias coisas para poder difundir nosso trabalho. No final, acho que é bom esse processo que nos ensina a ser humildes e respeitar sempre todos os artistas.
 
Acham que a profissão DJ é desvalorizada no Brasil?
Sim, principalmente, no começo. Mas, a partir do momento que faz um bom trabalho, você consegue seu espaço.
 
De onde vem a inspiração para produzirem um hit?
De dentro. Nossos sentimentos são expressos em forma de música.
 
Qual hit produziram de que vocês mais gostam?
Gostamos muito da “Big Booty Bitches”, foi um hino do nosso projeto. Também gostamos de “Apes From Space”, que foi a revolução que fizemos no electro house.
 
Fazem quantos shows por mês?
Depende do mês e se tivermos turnês internacionais. Já chegamos a fazer 20 shows no mês. Mas, aqui no Brasil, algo na média de sete.
 
Com uma vida tão atribulada, como conseguem conciliar a vida pessoal com o trabalho?
Esse é um dos pontos mais difíceis de nossa carreira. Toda profissão tem lados positivos e negativos, é difícil conciliar nossa vida pessoal, mas tentamos dar atenção à família e aos amigos sempre que temos um tempinho livre.
 
Hoje, vocês moram onde? Sentem falta do Brasil?
Moramos no Brasil ainda. Sentimos falta só quando saímos em grandes turnês.
 
Estão namorando?
Atualmente, apenas o Eduardo namora. Eu estou solteiro, meninas! (risos)
 
Conte-nos alguma situação engraçada e/ou inusitada que vocês já passaram ao longo da carreira.
Em uma turnê grande que fizemos nos Estados Unidos, tocando consecutivamente em festas, um dia após o outro, chegamos da festa às 4h. Acordamos às 6h, desesperados, achando que já eram 18h e que perderíamos o voo. Arrumamos a mala correndo, fizemos check out no hotel, pegamos um táxi em direção ao aeroporto, no meio do caminho, reparo que não tem ninguém na rua praticamente, o sol baixinho porque tinha acabado de nascer, e descubro que tínhamos acabado de chegar ao hotel para descansar. Rimos muito da situação. Também já fechei o laptop de um artista tocando achando que era o meu.
 
Que conselho vocês dariam para quem sonha em se tornar um DJ?
Generalizando, seria estudo e foco. Desliguem o Facebook e vão estudar, porque não é fácil, não.
 
Algum sonho a ser realizado?
Hoje, acho que o sonho de todo DJ seria tocar na pista principal do Tomorrowland, na Bélgica, e, talvez, trabalhar com o Skrillex e o Rob Swire em alguma música.
 
Para finalizar, podem nos revelar algum projeto novo?
Estamos em processo de mudança do nosso som no momento. A única coisa que podemos dizer é que no ano que vem muitas novidades virão.



AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Mais. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Mais poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.