Uma mulher múltipla

Milhares de mulheres no Brasil acordam cedo todos os dias, deixam os filhos em casa ou na escola e vão trabalhar. Andam belas, fortes, cheias de fibra e vontade de vencer. Dão aulas, fazem artesanato, são gestoras de grandes empresas ou de órgãos públicos

Criado em 04 de Abril de 2016 Gente

A empreendedora Cristiane Ferreira não se curvou ao diagnóstico de esclerose múltipla: divide seu tempo entre o lar, o trabalho e o cuidado com o corpo e a mente; para ela, equilibrar o emocional é a chave para manter a saúde

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Da Redação

DENTRE TODOS OS SEUS TRABALHOS E SUAS ATRIBUIÇÕES, Cristiane se dedica também ao programa “Sou Múltipla”, que faz parte do “Hit Minas”, exibido na TV BH News e que vai ao ar todos os domingos, às 19h. Pela audiência e o sucesso, o “Sou Múltipla” vai ganhar seu próprio espaço na TV, a partir de março. Haverá quadros novos e algumas novidades que ela guarda para divul­gar ao público quando estiverem concretizados.

Para o quadro, leva sempre mulhe­res que têm boas histórias para contar. “Converso com empreendedoras, mu­lheres que fazem parte de movimentos sociais, enfim, mostramos a riqueza de Minas Gerais”, diz. A primeira foi a amiga e empresária Beth Pimenta, fun­dadora da perfumaria Água de Cheiro. “É importante que a pessoa tenha algo bacana para contar. Com a Beth foi um sucesso”, relata.

Antes de ser fundadora, junto a outras empresárias de Betim, da Asso­ciação Mulheres Empreendedoras de Betim (AME Betim), Cristiane se con­solidou como professora e gestora. Formada em Letras, na Universidade Federal de Minas Gerais, e especialista em linguística aplicada, ela morou um ano nos Estados Unidos, onde estudou inglês, na Universidade do Novo Méxi­co. De volta ao Brasil, começou a dar aulas de inglês. “A sala de aula sempre foi minha grande paixão. Não me lem­bro brincando de outra coisa na infân­cia sem ser de dar aulas”, recorda-se.

Em 1991, fundou sua primeira esco­la de inglês na cidade. Com um perfil de empreendedora, já teve quatro ins­tituições de ensino de línguas no mu­nicípio, onde vive desde os 17 anos. Cristiane fala de Betim com carinho, mas mostra vontade de ver a cidade se expandir. “Acho que ela pode crescer ainda mais, sobretudo culturalmente. E os betinenses precisam prestigiar o que tem de bom por aqui: os serviços, o comércio, as empresas”, salienta.

UNIÃO

Ao perceber que muitos moradores ainda buscam estudo, lazer e cultura em Belo Horizonte, sentiu-se motivada a fo­mentar o empreendedorismo em Betim. O primeiro passo foi trabalhar com mulheres em situação de risco, principalmente as prostitutas. “Conheci a presidente do sindicato, vi que elas são bem organizadas e constatei que o empreendedorismo é o único caminho, explica. Criou-se então um grupo de mulheres, que realizou um planejamento estratégico para, primeiramen­te, fortalecer as empreendedoras de Betim e, depois, ajudar outros grupos. Assim, nasceu a AME Betim. “Conseguimos fa­zer muitos eventos e permitir que as pessoas se conhecessem, se relacionassem, fizessem negócios”.

Com o trabalho à frente da AME, a empreendedora foi convidada a assumir a Câmara Estadual da Mulher Empreendedora da Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais (Federaminas). “Nosso objetivo é abrir câmaras em todo o Estado e fomen­tar o negócio de mulheres”, afirma.

Como múltipla que é, Cristiane Fer­reira é também professora de empreen­dedorismo na Fundação Getúlio Vargas.

Para ela, toda mulher é múltipla, empreendedora, geradora de riqueza, capaz de mudar a história de uma fa­mília, de uma comunidade. Todavia, defende mais direitos e flexibilidade para o público feminino. “Temos, por exemplo, uma CLT muito perversa com a mulher, que não evolui nas questões trabalhistas. Precisamos ter humaniza­ção nas relações de trabalho para ver­mos o ser humano feliz, realizado e ge­rando riqueza. As pessoas infelizes não são produtivas”, avalia.


DESAFIOS

Cristiane é portadora de esclerose múltipla. A doença crônica atinge o sistema nervoso central, podendo afe­tar cérebro e medula espinhal. A esti­mativa é que, no Brasil, existam hoje 35 mil portadores de esclerose múlti­pla, sendo a maior parte composta por mulheres.

Mas, Cristiane não se curvou ao diagnóstico, feito em 2010. O primeiro surto coincidiu com um evento impor­tante da AME. Cristiane se recorda de que precisou ficar uns dias na cama, sem ao menos poder levantar o pescoço. “Convivo bem com a esclerose. Faço atividade física, tenho uma alimentação balan­ceada e acredito muito na força espiritual”, enfatiza.

Em janeiro deste ano, contou sua história em outro progra­ma da BH News, o “Revista BH News”, e revelou que suas ou­tras duas irmãs também são portadoras da doença neurológica, que, infelizmente, não tem cura e pode atingir o organismo com perda da visão e dos movimentos. Ela diz que equilibrar o emocional é a chave para manter a saúde. “Olhar positivamen­te é fundamental. Temos de agradecer o que acontece de bom na vida”, conclui.




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