A vez do ensino profissionalizante

Um empreendedor com visão, uma gestora atenta às demandas do mercado e empresas carentes de mão de obra especializada. Não tinha como a instituição de ensino AAS não atrair a atenção de pessoas que buscam quali cação pro ssional e um passaporte

Criado em 04 de Abril de 2016 Destaque Empresarial
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Julia Ruiz

A capacitação e a qualificação profissionais são essenciais para quem busca boa colocação no mercado de trabalho. E, do outro lado, as empre­sas demandam colaboradores com conhecimento técnico e também com habilidade e criatividade para atravessar momentos de crise como o atual. Com a escassez de mão de obra especializada, os cursos técnicos tornaram­-se grande aliados das corporações. E, ao que tudo indica, os jovens bra­sileiros perceberam isso. Dados do Ministério da Educação apontam que, somente no período de 2002 a 2010, o número de matrículas em cursos profissionalizantes cresceu mais de 70%. Em Betim, cidade com perfil eco­nômico industrial, apostar nessa modalidade de ensino pode ser ótima estratégia para conquistar o tão sonhado sucesso profissional.


E foi com a visão empreendedora de quem conhece na prática a necessida­de de empregar profissionais bem-preparados que o engenheiro eletricista e de segurança no trabalho Agenor Antônio e Silva, 62 anos, fundou, em 2007, a instituição de ensino AAS (iniciais do nome do fundador). Nascido e crescido em Igarapé, Silva apostou na localização estratégica e no potencial econômi­co das terras betinenses para dar esse novo passo em sua vida profissional. Proprietário do grupo AAS, que conta com uma empresa de engenharia am­biental e de segurança em Igarapé e clínicas de medicina ocupacional – uma em Igarapé e uma em Betim –, e dispondo de uma experiência adquirida com a atuação em grandes empresas do Estado, como Cemig e Resil Minas (atual Magna), o engenheiro, que também é especialista em meio ambiente, abriu sua instituição de ensino timidamente, com um curso técnico voltado para suas áreas de atuação. Aos poucos, a AAS foi crescendo e se consolidando como uma espécie de trampolim para o mercado de trabalho. “Em principio, a ideia era ofertar um curso de tecnólogo em meio ambiente, mas optei por dis­ponibilizar um curso técnico, mais objetivo e rápido, nesse mesmo segmento e também em segurança do trabalho. Os alunos foram chegando, e percebi que podia aproveitar esses novos profissionais em meu próprio negócio e também ajudar diretamente na inserção de grande parte deles em empreen­dimentos da região”, conta Silva, que ressalta a rede de relacionamento que estabeleceu com empresas de Betim e do entorno, como Fiat, Teksid, Nemak e Vallourec. “São cerca de 300 parcerias ao todo”, destaca o empreendedor.

A repercussão foi tão grande – e boa – que ele decidiu implementar dois novos cursos na instituição: o de logística e qualidade; e o de fabricação me­cânica e qualidade. Mais uma vez, não demorou muito para as salas ficarem lotadas. “Todos os módulos de ensino são reconhecidos e aprovados pela Secretaria de Estado de Educação e pelo Ministério da Educação”, salienta Agenor Silva, que elucida a integração dos cursos permitindo, assim, dupla habilitação. “Em um ano e meio, o aluno obtém dois diplomas”.

REFORÇO E NOVIDADES

Em 2011, a AAS teve o time reforçado. Ex-colega profissional de Agenor Silva na antiga Resil Minas, Mardele Teixeira Rezende, 48, foi convidada pelo empresário para ser sócia e também diretora da instituição de en­sino. Graduada em direito, com especialização na área trabalhista, tem na gestão de pessoas a sua expertise. Com isso, incrementou a grade do instituto, disponibilizando mais um curso técnico: em administração e recursos humanos.

Além disso, a instituição de ensino passou a ofertar outros tipos de capacitação profissional de curta duração, como os cursos de leitura e in­terpretação de desenhos técnicos e metrologia; de departamento pessoal; de caldeiraria; de auditor de sistema de gestão integrada; e de programador de CNC. “Estamos sempre muito atentos às demandas do mercado. Então, em 2015, implantamos o curso preparatório para que aqueles que já têm experiência na área da mecânica possam passar pelo processo de certificação de competência. Nesse caso, o aluno obtém o diploma em cerca de seis meses”, explica Mardele.

Já no princípio de 2016, os diretores de­ram mais um passo e disponibilizaram uma nova modalidade de ensino: cursos prepa­ratórios para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e para centros de educação tecnológica, como Cefet, Coltec e o Insti­tuto Federal de Educação, Ciência e Tec­nologia de Minas Gerais (IFMG). “Ou seja, atuamos em três frentes: os cursos profis­sionalizantes, os cursos de capacitação e os cursos preparatórios”, arremata a diretora.

DOS LIVROS PARA AS MÁQUINAS

De acordo com os sócios, a AAS possui, atualmente, em torno de 300 alunos nos cursos técnicos e mais de mil “treinandos” – que frequentam os cursos de capacita­ção, as eventuais palestras ministradas por eles mesmos ou por gestores convidados e os cursos preparatórios. Desse total, hoje, 80% já atua na indústria e busca mais quali­ficação para requerer cargos melhores nas empresas em que trabalham. “Pelo fato de a maioria se ocupar em horário integral, o estágio não é obrigatório. Mas o aluno que ainda não está inserido no mercado tem grandes chances de conquistar isso por meio de nossos cursos, em razão do relacionamento que construímos com as empresas da região, as quais sempre nos solicitam estagiários e também indicações para cargos efetivos”, ressalta Mardele.

A diretora conhece bem a importân­cia de um estágio. Foi por meio de uma oportunidade como essa que ela iniciou sua vida profissional. “Fazia curso técnico em administração quando tive minha pri­meira oportunidade de estágio. Foi mui­to importante porque me projetou e me possibilitou ser contratada por outra cor­poração, na qual atuei por dois anos, na área de departamento pessoal. Saí de lá quando recebi uma proposta da Resil, em­presa em que fiz carreira e fiquei por 21 anos, trabalhando principalmente como gerente de recursos humanos”, conta.

EXEMPLO QUE VEM DE FORA

Agenor e Mardele têm como referên­cia o Velho Continente. Eles argumentam que, na Europa, a valorização da educação profissional é tão grande que, em alguns países, como a Áustria, 76% dos alunos do ensino médio já recorrem à educação profissional. “No Brasil, apesar de o nú­mero de matriculados em cursos profis­sionalizantes ter crescido muito nos últi­mos anos, o percentual de pessoas que os concluem ainda é pequeno. Sabemos que a demanda maior das empresas é pelo profissional de nível técnico. Assim, es­ses cursos acabam encurtando o caminho para o mercado de trabalho”, salienta Sil­va. “Cada vez mais, o mercado de trabalho vem valorizando a carreira técnica devido à carência de profissionais qualificados. Atualmente, os tetos salariais das carrei­ras técnicas e de especialistas se equipa­ram aos de muitas gerenciais”, acrescenta Mardele.

E qual seria o segredo para formar bons profissionais? “Talvez seja colocar em prática as coisas mais simples que a teoria nos ensina. Aqui, na ASS, a gente adora o que faz, e isso facilita tudo o que vem depois. A expertise na área em que atuamos e uma cuidadosa gestão de pes­soas são fundamentais para conseguirmos oferecer uma formação de qualidade”, aposta a gestora. “Mas isso não bastaria se não houvesse proximidade da instituição com o mercado de trabalho. É preciso se manter atento a tudo o que acontece nas indústrias em especial. Os cursos preci­sam ser moldados de acordo com essa realidade e, é claro, alinhando conteúdos técnicos com a formação comportamental dos alunos. Por isso, a equipe de profes­sores é composta por profissionais com conhecimento teórico, mas também com muita experiência no mercado. Assim, as aulas são interativas e práticas. Além dis­so, a grande rede de indústrias parceiras também propicia a realização de visitas, palestras de gestores e muitas atividades que contribuem com o aprendizado”, completa Agenor. 

ENDEREÇO:
Rua Professor Oswaldo Franco, 90, 8º andar, Centro, Betim.
Telefone: 3596-4949




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