Amores inesperados

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Criado em 15 de Julho de 2014 Relacionamento

Fotos: Muller Miranda

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À procura de um carro em feirão, no ônibus ou saltando de paraquedas. Conheça histórias inspiradoras de casais que se conheceram em locais fora do comum

Pollyanna Lima

PARA MUITOS, encontrar um novo amor não tem sido uma tarefa fácil, mas o que a maioria das pessoas não sabe é que não existem regras nem locais específicos para que isso aconteça. O início de uma grande história de amor pode ocorrer onde menos se espera e nos momentos mais improváveis possíveis.

Foi assim, por exemplo, que o fotógra­fo Dante Martins Borges, 35, e a também fotógrafa Josiene Magalhães Borges, 35, iniciaram sua história de amor. “Tinha me mudado há menos de um mês para uma quitinete quando, a caminho da fa­culdade, eu a vi entrar no ônibus. Percebi que já tinha a visto antes, em um evento, e essa foi a deixa para eu sentar ao lado dela e começar uma conversa. Ela me en­cantou por sua beleza. Josiene é linda, um tipo exótico de mulher: magra, alta e com um caminhar elegante. Essas característi­cas me chamaram a atenção. Além disso, nossas conversas, apesar de curtas, eram muito agradáveis. Cada vez que conversá­vamos, eu me sentia mais e mais interes­sado por ela”, afirma Dante.

Dois meses depois do primeiro encon­tro no ônibus, eles ainda não haviam tro­cado o número de telefone, não se viam mais e o pior: Dante tinha acabado de comprar um carro e não iria mais utilizar o transporte público para ir à faculdade. “Entretanto, antes de isso acontecer, per­cebi que outra moça, com traços seme­lhantes aos de Josi, desceu do ônibus e entrou em uma casa próxima ao ponto fi nal onde ela ficava. Fiquei atento ao ende­reço da residência e deduzi que ela era a irmã de Josi. Liguei para o 102 e consegui o telefone”, conta.

A desculpa para a ligação, segundo o fotógrafo, foi que, como ele havia com­prado um carro e ambos moravam perto, ele poderia oferecer carona a ela. “Tomei coragem e liguei. Quando ela atendeu, a adrenalina já estava bem alta. Ela se lembrou de mim e conversamos por uns 40 minutos. Ao final da ligação, eu disse que iria até a padaria comer alguma coi­sa. Acho que, por instinto, percebi que ela se interessou em me acompanhar e, meio sem graça, perguntei se ela queria ir comigo. Ela aceitou. Na volta para a casa, aconteceu nosso primeiro beijo. Mas con­fesso que esse primeiro encontro, em uma padaria, não foi nada romântico”, brinca Dante.

Dante Borges se apaixonou por Josiene Magalhães dentro de um ônibus; meses depois, ele tomou coragem e a convidou para conversar em uma padaria, onde o romance começou

Josiane, apesar de ter boas recordações de como o casal se conheceu, confessa que, inicialmente, achou Dante um pou­co mauricinho. “Até o jeito de ele ajeitar os cabelos era de um playboy. Depois de dois meses sem vê-lo, quando minha mãe me disse que um rapaz de nome diferen­te tinha me ligado, nem imaginei que era ele. Não me lembrava do nome dele. Mas, depois do encontro na padaria e do nosso primeiro beijo, percebi que o Dante era o amor da minha vida. Hoje, somos uma fa­mília. Temos um filho lindo que veio aben­çoar ainda mais o nosso amor e fortalecer a nossa união”, salienta a fotógrafa.

Para a psicóloga Cristiane Oliveira, o que facilitou a paquera entre Dante e Jo­siene foi o fato de ambos terem afinidades e identificações um com o outro, o que facilita o diálogo. “O casal se complemen­ta pelo que tem em comum, como idade e gostos parecidos.”

E essas afinidades, como a opção pela alimentação vegetariana, o amor pela na­tureza, a prática de escalada e de outros esportes radicais, além do interesse por questões filosóficas, fizeram com que o jurista e paraquedista Adriano Neves Coelho, 27, e a estudante de engenharia ambiental e montanhista Luiza de Assis Ferrari Silva, 21, se interessassem um pelo outro.

O casal também se conheceu de for­ma bem inusitada: em um evento de paraquedismo, em meados de março de 2013, no aeroporto da cidade de Barba­cena, em Minas Gerais. “Foi lá que Luiza realizou seu primeiro salto de paraque­das. Eu estava trabalhando no local e me ofereci para ajudar a dobrar o paraque­das que ela tinha saltado. Durante a con­versa, acabamos descobrindo que tínha­mos várias características em comum”, recorda Adriano.

Adriano Coelho e Luiza de Assis conversaram pela primeira vez em um evento de paraquedismo; afinidades como o amor pela natureza e a prática de esportes radicais aproximaram o casal

O primeiro beijo só aconteceu dois meses depois, quando eles foram a uma academia de escalada artificial. “Os nos­sos desejos em comum fizeram com que o interesse se mantivesse. Já tínhamos nos encontrado algumas vezes antes, por isso, acredito que a paixão só nasceu depois do primeiro dia de conversa, quando des­cobrirmos quantas ideias tínhamos em comum”, afirma Luiza. “Essas afinidades, além de contribuir para nossa aproxima­ção inicial, foram um fator determinante para manutenção do nosso relacionamen­to”, completa Adriano. “O amor verdadei­ro pode surgir em locais inesperados. Ele não tem correlação com lugar, dia, fases da lua ou mesmo horóscopo. É algo ima­terial que, quando menos se espera, em qualquer lugar ou hora, pode acontecer. Sem ao menos se esperar, você encontra a sua cara metade”, ressalta o casal.

Se conhecer o amor da sua vida no ônibus ou saltando de paraquedas parece inusitado, imagine em um feirão de auto­móveis? Pois foi assim que a pedagoga Ire­ne Natalina Rocha, 51, viu pela primeira vez o motorista Rodrigo Sant’Ana de As­sis Rocha, 42. O encontro aconteceu em Contagem, em 2005. Na época, ela e suas filhas, Josiane Rocha e Juliane Jardim, es­tavam à procura de um veículo, e Rodrigo atuava como vendedor. “Eu estava traba­lhando e elas se divertindo, à procura de alguém, ou de algum carro para a mãe, que estava um pouco triste. Logo quando vi três lindas mulheres, prontifiquei-me a atendê-las com toda a atenção. O bate­-papo foi longo, mas nada de vender um carro para elas”, brinca ele. “Após alguns fins de semana, nós nos reencontramos em outro feirão. Foi quando trocamos telefones para futuros contatos, sem nem imaginar que, em alguns meses, estaría­mos juntos”, conta. “Tudo aconteceu mui­to rápido, as famílias se assustaram, mas, pouco tempo depois, lá estava eu de mu­dança para Betim. Até hoje não consegui vender um carro para elas, mas tudo bem, o que importa é a felicidade”, salienta o motorista, sorrindo.

De acordo com a psicóloga Cristiane Oliveira, encontrar um grande amor em locais onde pessoas se reúnem com fina­lidades específicas, como uma academia, uma reunião entre amigos e igrejas, tor­na-se mais fácil, porém, isso não impede que em outros lugares públicos isso tam­bém seja possível. “Somos seres relacio­nais e interdependentes. Precisamos nos abrir para o amor, daí ele vem. Quando estamos abertos emocionalmente, os sen­tidos ficam mais aguçados e a percepção do que está ao nosso redor também. Isso nos permite conhecer pessoas até nos locais mais improváveis, onde o foco é outro”, explica.

Um ano antes do primeiro encontro de Irene e Rodrigo, ela havia terminado um relacionamento de quase 25 anos, o que lhe trouxe como consequência uma depressão. Por isso, segundo Irene, as fi­lhas, que de início não enxergavam com bons olhos uma nova relação amorosa da mãe, começaram a perceber que o ideal seria que ela vivesse outro amor. “Logo que me separei, não me desgrudava das meninas por nada. Quando a gente está sozinha, sempre tem algum engraçadinho para brincar com a nossa tristeza, e co­migo não foi diferente. Lembro que, em um almoço de família, uma prima fez uma brincadeira de mau gosto com a minha situação. Voltei para casa triste e revol­tada. Em meio às lágrimas, pedi a Deus uma pessoa especial em minha vida. Vinte minutos depois, minha filha mais velha, a Josiane, insistiu para irmos a esse feirão de carros, onde conheci Rodrigo”, conta a pedagoga.


Quando decidiu ir com as filhas a um feirão de carros, Irene Rocha nunca imaginou que conheceria Rodrigo Sant'Ana, o grande amor da sua vida

Irene confessa que, inicialmente, não simpatizou com Rodrigo. “Achava que ele era um cara de pau e que estava interessa­do nas minhas filhas. Eu ficava analisando seu jeito, seu papo, e nada me convencia do contrário. Depois de muita conversa e em outros encontros no feirão, comecei a achá-lo interessante, mas o medo era maior, e eu não dava chance alguma. Ele nos convidou para irmos à serra do Cipó, na casa da família dele, mas não aceitei. Já estava interessada, mas não acredita­va que o relacionamento seria possível”, afirma. Dias depois, uma das filhas de Irene, conversando ao telefone com Ro­drigo, passou o aparelho para ela. “Ele, todo educado, acabou me convencendo de almoçarmos juntos. Nesse primeiro encontro, que teve um superempurrão das meninas, demos nosso primeiro bei­jo. Nunca tinha sentido algo parecido. Foi uma sintonia perfeita”, afirma ela.

A grande decepção veio logo em se­guida. Rodrigo contou a Irene que na­morava há dois anos. “Fiquei com muita raiva e fui embora arrasada. Senti-me traída. Chorei a noite toda. No outro dia, ele me ligou, disse que tinha terminado tudo por mim. Em seguida, começamos a namorar, fomos morar juntos e, enfim, nos casamos. Hoje, estou muito feliz com o marido que Deus me enviou”, co­memora Irene.

Para a psicóloga Cristiane Oliveira, apesar de Rodrigo ter sido sincero, ele correu grande risco de perder o amor de Irene definitivamente. “De qualquer for­ma, um relacionamento deve sempre ser iniciado e pautado pela confiança, sinceri­dade e respeito. Com esse ato, ele acabou ganhando pontos na conquista”, avalia. 




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