DIETA DO HCG

POR LUCAS MENDES PENCHEL

Criado em 04 de Abril de 2016 Equilíbrio
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A LUTA CONTRA A BALANÇA VIROU EPIDEMIA e não faz somen­te parte das classes abastadas. A obesidade assombra todas as classes, provando que não é só o excesso de alimentos que tem causado esse problema tão sério, mas, sim, a forma de alimen­tação, isto é, a qualidade da alimentação. São mais de 1 bilhão de pessoas com sobrepeso no mundo. Só no Brasil, essa taxa ultrapassa os 56% da população adulta.

Diversos medicamentos foram e continuam sendo criados, mas o certo é que, até hoje, nenhum deles conseguiu a fór­mula milagrosa do emagrecimento. Sim, a medicina perdeu a batalha contra a obesidade e ainda espera que seja lançada uma nova droga potente, que consiga resolver o problema. O grande detalhe é: não é a droga que vai solucionar a questão, mas o tratamento dos múltiplos fatores – sejam eles alterações hormonais, do sono, do comportamento ou do metabolismo – que podem causar diretamente o ganho de peso.

Antes de julgarmos qualquer técnica, precisamos ir direto até sua fonte para entender um pouco mais sobre suas experi­ências e intenções. Mais do que ler um livro recente, devemos buscar referências em publicações anteriores.

Em 2013, tive a oportunidade de conhecer o doutor Daniel Belluscio (criador do HCG oral e fundador do The Oral hCG Rese­arch Center) em um dos seus cursos pelo mundo. Até então, eu era contra o tratamento, talvez por não saber nada sobre o pro­tocolo, mas, como menciono em conversa informal com amigos, antes de falarmos mal, vamos estudar, aprender e compreender.

HCG é o acrônimo (sigla) em inglês para Gonadotrofina Cori­ônica Humana, uma substância produzida pela placenta durante a gravidez (gestação) em grandes quantidades. Ela foi descoberta em 1927, por Ascheim e Zondek, na urina das mulheres grávidas.

A dieta do HCG não é nova, tendo sido proposta pelo mé­dico britânico Albert Simeons, especialista em obesidade e em regulação do peso, que exercia sua profissão em Roma, entre os anos de 1950 e 1970. Seu programa utilizando o HCG tem ajudado inúmeras pessoas de todo o mundo a controlar o efei­to sanfona após a perda de peso.

A teoria do doutor Simeons diz que o HCG aciona uma libe­ração de depósitos de gordura anormal na área do hipotálamo (parte vital do nosso cérebro que controla todas as funções autônomas do corpo) e, quando administrado em doses rela­tivamente pequenas em comparação à quantidade produzida durante a gravidez, associado a uma dieta baixa em calorias, ocorrem a perda de peso e muitos outros benefícios de saúde, incluindo uma melhora nos níveis do colesterol, da pressão arterial e da quantidade de açúcar no sangue (segundo relato de pessoas que seguiram a dieta corretamente).

Embora o hormônio seja encontrado em maior quantidade nas mulheres, essa dieta também funciona em homens. Entre­tanto, como qualquer medicação, há variação individual na efi­cácia; ainda que o HCG seja eficaz para algumas pessoas, não há promessa de que ele possa funcionar para todos da mesma maneira, além de possuir contraindicações, assim como qual­quer outro tratamento.

Muitos acabam descrevendo a dieta do HCG como “dieta sem alimentar”, “dieta de baixíssimas calorias”, “dieta de passar fome”, mas ela é projetada para mobilizar a gordura armazenada, ou seja, o corpo irá obter energia vindo desse excesso de gordura dispo­nível. Essa dieta requer uma alimentação bem restritiva, protocolo que pode ser alterado dependendo do metabolismo basal, do es­tilo de vida, da idade, do peso e da estatura do indivíduo. Precisa­mos ser racionais e elaborar um plano alimentar muitas vezes bem superior ao proposto pelo protocolo, que é de 500 kcal\dia.

Mas, sem dúvida, a dieta HCG só será eficaz para a perda de peso se houver a dieta em acompanhamento com o hormônio. Logo, se você deixar de seguir a dieta, você vai deixar de per­der peso.

Quanto ao término da dieta do HCG, as pessoas que a fizeram relataram que não só perderam peso físico, mas também tiveram melhora de apetite e mudança do comportamento alimentar.

Este texto não serve de incentivo para a realização do trata­mento. O principal objetivo aqui é apresentar aos leitores essa dieta, informando-os de seus benefícios e malefícios. Seja on la­bel (Sibutramina, Orlistate), seja ou off label (antidepressivos, ansiolíticos, sensibilizadores da insulina), aos olhos de profissio­nais da saúde que utilizam esse protocolo, atualmente, o HCG é o produto que tem demonstrado melhores resultados tanto na perda, quanto na manutenção de peso após a terapia.

Lembre-se de que, independentemente do uso ou não de medicamentos, ou de fitoterápicos, é de extrema e fundamen­tal importância realizar atividade física, modificar o estilo de vida e seguir um protocolo ideal de alimentação.

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndro­me Metabólica (Abeso) posicionam-se contra o uso por afir­marem não haver evidências científicas que comprovem seu benefício no emagrecimento.

Finalizo com a Declaração de Helsinque, um conjunto de princípios éticos que regem a pesquisa com seres humanos: “O médico deve ter a liberdade, no tratamento de um paciente, de usar uma nova providência diagnóstica ou terapêutica se, em seu julgamento, isso oferecer esperança de salvar vida, restabe­lecer saúde ou aliviar sofrimento”.

Referências:

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Simeos ATW..Pounds and Inches: A new approach to obesity. Private Printing (1976)

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ZondeK B.Sulman F. The mechanism of action and metabolism of gonadotro-phic hormones in the organism. Vit Horm 1945 3:297- 336

Organização Mundial de Saúde – Junho/1964 –Tokyo/2004

 

*Médico esportivo e nutrólogo com especialização em nutriendocrinologia
Endereço: avenida Afonso Pena, 3.924, sala 306, bairro Mangabeiras
Contato: (31) 3234-7622 ou (31) 8408-4114




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