Eles escolheram esperar...

Sexo

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Criado em 18 de Setembro de 2014 Comportamento

Marcela Pena/Divulgação

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Contrariando as estatísticas, esses jovens e adultos optaram por terem relações sexuais somente depois do casamento

Renata Nunes

ADOLESCÊNCIA. Fase em que muitos querem descobrir o sexo, pois os hormônios estão aflorando. Um exemplo disso pode ser evidenciado em um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Censo 2010, que apontou que quase 30% dos estudan­tes no Brasil com idade média entre 13 e 15 anos já ini­ciaram a vida sexual. Estatísticas à parte, existem ainda no país jovens e adultos que, ao contrário, decidiram abrir mão da relação sexual antes do casamento, influenciados, principalmente, pela fé cristã. É o caso, por exemplo, do estudante André Rodrigues Lial, 17. “Não tenho proble­mas em falar que sou virgem. Não acho que isso é motivo de vergonha. Na minha concepção, é melhor esperar o cônjuge do que banalizar o sexo com várias outras pes­soas”, defende.

Segundo André, as pessoas, além de terem deixado de dar valor à virgindade, consideram careta quem opta por ela. “Os homens buscam perder a virgindade logo, para não se sentirem carta fora do baralho. Como se fosse uma conquista transar com tantas mulheres.” O estudante e a namorada, juntos há seis meses, compartilham os mes­mos princípios cristãos, porém, conforme ele, no relacio­namento é preciso ter firmeza dessa decisão e não passar dos limites, já que as tentações são muitas. “Não penso em me casar logo, mas estou convicto de que vou esperar até o matrimônio para começar a minha vida sexual. Sei que não será fácil aguardar a troca de alianças, mas pre­tendo ser firme. Por isso, vou fazer o máximo para não ir contra o que eu acredito”, garante.

A sexóloga Cida Lopes afirma que a postura de André é rara nos dias atuais. “É comum jovens iniciarem a vida sexual mais cedo atualmente. O principal motivo é a liber­dade sexual e as referências. Antigamente, a repressão se­xual era grande, mas, hoje, o sexo é mais estimulado pelos meios de comunicação, principalmente, pela internet, ou até mesmo pelos pais”, explica.

Assim como André e a namorada, a enfermeira Deborah Silva, 24, também optou por não ter relações sexuais antes de se casar. Em um relacionamento de um ano e oito meses com o técnico mecânico Wiliam Magalhães, 23, eles con­tam que estão se guardando para o casamento, marcado para setembro do ano que vem. “O casamento é a concre­tização do amor, por isso, vamos esperar acontecer nossa união para iniciarmos uma vida sexual. O aspecto social ou religioso, no sentido da moralidade, é muito importante também, mas não representa na totalidade o que Deus nos orientou a fazer: a prática do amor”, afir­ma o técnico mecânico.

Deborah diz que foram seus pais que ensinaram a ela sobre a vontade de Deus. “Ele é o criador de todas as coisas, inclusive, do sexo. Decidi aplicar na prá­tica tudo o que aprendi sobre isso”, afir­ma a enfermeira. “Na faculdade, falavam que eu era boba por não experimentar, mas essa escolha é um entendimento e uma convicção pessoal que tenho sobre o tema”, completa.

Deborah Silva, 24, e Wiliam Magalhães, 23, procuram não ficar e viajar sozinhos para evitar contato físico íntimo que possa levar ao sexo/ Foto: Hilário José

Quando questionado se tem medo de alguma coisa dar errado quando che­gar o momento da relação sexual, Wi­liam julga ser muito imaturo pensar des­sa forma. “Entendo que o sexo é o ápice do relacionamento amoroso, ato em que é demonstrado todo o carinho, cuidado e paixão. Dessa forma, ele é apenas um resultado de todo o processo mental, fí­sico, psíquico e espiritual de um casal”, salienta.

A jornalista Sara Lira, 24, e o fresador CNC Wanderlei Carvalho, 31, casados há quatro meses, também decidiram aguar­dar três anos e oito meses até chegar à lua de mel. Ele não era mais virgem, mas decidiu esperar pela amada. “Antes de me converter à religião evangélica, tinha uma vida leviana. Após minha conver­são, conheci a Sara e, com a ajuda dela, que foi muito importante, pude manter a conduta de me preservar até o dia do casamento”, revela.

Wanderlei afirma que não foi fácil persistir na decisão. “A liberdade gera intimidade. Quanto mais tempo juntos, mais o corpo cobrava.” A sexóloga Cida Lopes explica essa afirmação. “Quando namoramos, somos estimulados ero­ticamente. Isso aflora nossos desejos sexuais através de reações fisiológicas, que vão aumentando a partir desses estímulos. Ter controle sexual diante de um beijo ou de carícias eróticas é muito mais difícil do que nos controlar­mos sexualmente quando estamos, por exemplo, somente estudando ou traba­lhando”, diz.

“Acredito que o sexo foi criado por Deus para ser feito entre um casal com uma intimidade tão grande que só exis­te após o casamento. Na Bíblia, Ele diz que quando um homem se junta a uma mulher, ou seja, se casam, eles se tornam uma só carne. E o casamento, de fato, proporciona certas liberdades e intimida­des que anos e anos de namoro não tra­zem”, salienta a jornalista.

O casal garante que valeu a pena es­perar. “Cresci com esse ensinamento dos meus pais. Decidi que era o melhor ca­minho para mim. Não me arrependo por ter feito essa escolha”, diz Sara. “Muita gente acha que os jovens que escolheram aguardar até o casamento tomaram essa decisão por influência de líderes religio­sos ou porque foram manipulados e são reprimidos. Não é nada disso. Converso com jovens que decidiram esperar ou que já se casaram e também esperaram. Todos tomaram essa decisão porque acreditam ser o melhor para suas vidas. Nós, que de­cidimos esperar, não somos manipulados ou influenciados, apenas tomamos uma decisão que cremos ser a mais saudável e também a vontade de Deus”, finaliza a jornalista.

Virgem aos 17 anos, André Lial acredita que é melhor esperar o cônjuge do que banalizar o sexo com várias outras pessoas/ Foto: Hilário José

MOVIMENTO "EU ESCOLHI ESPERAR"

A campanha cristã ‘Eu Escolhi Esperar’, que vem ganhando força e milhares de adeptos nas redes so­ciais, foi criada pelo pastor evangéli­co Nelson Junior, 37. O movimento, que abrange cidades em todo o país, atua em duas áreas: sexualidade e vida sentimental, por meio de semi­nários, livros e pregações. “As pessoas se enganam quando acham que nosso movimento é focado na virgindade. O ‘Eu Escolhi Esperar’ é muito mais que um movimento pró-castidade. Trata­mos a importância de se viver uma vida sexual e emocional de forma pura e santa”, afirma Nelson.

De acordo com o pastor, a escolha por ter relações sexuais depois do casamento não é exclusiva de evangé­licos. “Existem milhões de católicos que também fazem o mesmo. Outra coisa curiosa é que há muitos segui­dores que não são evangélicos, mas esperaram por convicções pessoais ou princípios familiares. Os pais vi­veram isso e passaram para os filhos, que seguiram o exemplo. A campa­nha ultrapassou a discussão religiosa. Bom informar também que nem todo mundo que segue o ‘Eu Escolhi Es­perar’, realmente, escolheu esperar para ter relações sexuais depois do casamento, mas nos acompanham por se identificar com outras ques­tões que tratamos e orientamos, tal como ter um amor para a vida inteira, casamento, família, filhos e o com­promisso”, explica.




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