Em prol da Vida

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Criado em 19 de Abril de 2013 Bom Exemplo
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Instalado em Betim há 41 anos, o Salão do Encontro atende, hoje, a cerca de 1.400 pessoas em diversas atividades que promovem inclusão social e crescimento humano.

 

 

Um belo dia, o aposentado José Gomes Bragança, 74, estava sentado próximo à Central de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa), em Contagem, fazendo bolsas de fitas que eram jogadas fora pelos comerciantes. O trabalho era tão benfeito que atraiu a atenção da educadora e artesã Noemi Macedo Gontijo, 89, fundadora do Serviço Assistencial Salão do Encontro, em Betim. “Nesse dia, ela me convidou para fazer parte do Salão. Como eu não poderia mais trabalhar como pedreiro, por causa da minha saúde, essa oportunidade foi muito importante para mim”, recorda Seu José.

O aposentado José Gomes Bragança, 74, foi convidado pessoalmente por Noemi Macedo Gontijo, 89, para fazer parte do Salão do Encontro

Ele é uma das cerca de 1.400 pessoas beneficiadas pelo Salão do Encontro, instituição sem fins lucrativos, fundada por Dona Noemi, em 1972. A entidade funciona como um espaço de inclusão social e de geração de trabalho e renda. Oferece diversas oficinas artesanais e atividades escolares à população em geral. Tudo gratuitamente. “É um trabalho que visa à essência do ser humano”, destaca o coordenador de serviços culturais do Salão do Encontro, Rômulo Sant’Andre, 41.

Tudo teve início quando a professora Noemi Gontijo, juntamente com seu amigo, frei Stanislau Bartold, decidiu enfrentar a pobreza e a miséria levando dignidade à população carente de Betim, uma cidade que cresceu de forma desordenada, o que resultou em sérios problemas sociais para o município. Na sede onde hoje existe o Salão do Encontro, no bairro Santa Lúcia, inicialmente, foi construído um pequeno galpão rústico, onde funcionava uma cozinha que distribuía sopa às pessoas necessitadas.

Com o passar dos anos, a missão foi ganhando apoiadores e passou a atender cada vez mais pessoas. Um desses apoiadores foi a falecida esposa de Tancredo Neves, Risoleta Neves. Ela conseguiu, junto ao governo estadual da época, a doação de um terreno de cerca de 70 mil metros quadrados para construir a sede da instituição. No local, nasceram as primeiras oficinas de artesanato e de capacitação do Salão do Encontro. “Hoje, muitos dos nossos instrutores e monitores são ex-alunos da instituição, o que comprova que o trabalho deu muitos frutos”, afirma Sant’Andre. “Promovemos 200 cursos gratuitos em nossas oficinas, anualmente”, acrescenta.

Elizabeth Fernandes, 45 (foto), chegou à instituição há mais de 20 anos e, hoje, é coordenadora da oficina de tear chileno. “O Salão mudou a minha vida porque fui muito bem acolhida aqui. Eu precisava trabalhar e não tinha onde deixar meus filhos. Enquanto eles ficavam na creche e na pré-escola, eu aprendia uma profissão”, conta.

Além do tear chileno, todas as demais oficinas oferecidas no Salão do Encontro são realizadas de maneira artesanal, como a de tecelagem, de cerâmica, de bonecas, de flores, entre outras. “Eu cheguei aqui e aprendi uma profissão. Além disso, durante esse tempo todo, vi muitas pessoas sendo ajudadas pela instituição”, disse a artesã Maria da Guia, 51, que está há 33 anos no Salão do Encontro.

O marceneiro José Ferreira de Oliveira, 44, faz brinquedos de madeira para serem vendidos no hall da entidade. Ele define a importância do Salão do Encontro em sua vida. “Durante os 29 anos em que estou aqui, fui crescendo, não só profissionalmente, mas como pessoa”, disse.

Crianças

Além das oficinas de artesanato, que geram emprego e renda, o Salão do Encontro trabalha com crianças e adolescentes com idades entre 4 meses e 14 anos. Atualmente, são 776 atendidos, que vão desde a creche, passam pela pré-escola, têm reforço escolar, além de participar de oficinas e brincadeiras educativas e pedagógicas. O pequeno Samuel Luiz, 9, gosta muito de brincar com argila. “Cada dia eu monto um boneco diferente. É muito legal”, afirma.

A creche atende 50 alunos. Além de utilizar os dormitórios e o parquinho, eles fazem suas refeições diariamente no espaço. O Salão do Encontro também possui uma biblioteca só de literatura, para incentivar a leitura das crianças. “Existem livros para cada idade. Alguns somente com desenhos, outros com textos mais fáceis e outros com textos mais aprimorados. Atendemos também a comunidade externa. As pessoas podem vir e utilizar o nosso acervo”, explica Rômulo Sant’Andre.

Esses são apenas alguns exemplos de histórias de pessoas que tiveram suas vidas mudadas – para melhor – pelo Salão do Encontro. O coordenador do circo, local onde as crianças são recebidas quando chegam e onde são feitas as apresentações teatrais, Wilson Soares, 47, o palhaço Beterraba, define bem isso. “O salão me abraçou. Foi aqui que conheci minha esposa e onde sou feliz. Receber as crianças, todos os dias, aqui no circo, e poder fazê-las rir é a maior satisfação da minha vida”, afirma

 

Você também pode ajudar o Salão do Encontro. Para saber como, basta ligar para 3532.4911



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