Estilo sem tamanho

Gente: Carla Câmara

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Criado em 17 de Julho de 2015 Gente

Fotos: Divulgação

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Uma das fashionistas plus size mais influentes do Brasil, Carla Câmara demonstra que, para estar na moda e se vestir bem, é preciso muito mais do que ter apenas um corpo esbelto

Lisley Alvarenga

QUEM DISSE QUE para estar na moda, ter bom gosto e estilo é preciso ter um corpo escultural ou ser uma top model supermagra? Essa ditadura da beleza, imposta no Brasil, nos últimos anos, começa a dar os primeiros sinais de que tem tudo para cair em desuso. Dezenas de personalidades plus size, que contrariam totalmente os velhos padrões de beleza feminina, conquistam cada vez mais fãs em todo o país. São mulheres comuns, que assumiram seu corpo, exalam autoestima e provam, de A a Z, que também são feras no quesito mundo fashion. Exemplo desse sucesso é a fashionista Carla Câmara, de 40 anos. Uma das “instafriends” mais influentes ela carrega uma legião de seguidoras nas redes sociais e, apesar do pouco tempo de atuação nesse mercado, já atingiu a marca de mais de 1 milhão de adeptos no Instagram, além de ser requisitada para frequentar os mais badalados eventos do setor.
O mais interessante é que, apesar de ser umas das referências em moda e lifestyle no Brasil hoje, Carla começou a carreira de maneira bastante despretensiosa. Com um cargo efetivo na Polícia Militar da região onde mora – corporação em que ainda trabalha –, a fashionista conta que, quando estava prestes a completar 40 anos, decidiu investir em atividades que lhe dessem prazer. “Sempre fui apaixonada por moda e comecei a colocar no Instagram tudo relativo ao mundo fashion de que eu gostava. Eu colecionava um álbum de fotos no meu celular e, sempre que podia, postava looks que estavam em alta e fazia comentários sobre eles. Desde essa época, estava antenada às novas tendências e a tudo que seria usado nas ruas”, afirma. Para impulsionar suas postagens, Carla utilizava sempre as #. “É uma ótima forma de divulgação. Tanto que, em apenas um ano e meio fazendo meus posts, já havia alcançado mais de 1 milhão de seguidores no Instagram. Quando vi que estava dando retorno, passei a investir nesse meio profissionalmente”, explica.
A fama no mundo da moda pode ser altamente rentável. Apesar de a maioria dos profissionais não divulgar os rendimentos, muitos fazem desse nicho de mercado a única fonte de renda, por meio de parcerias comerciais e propagandas, e lucram bastante. “Hoje, tenho uma empresa de moda, com funcionários que me auxiliam diariamente. Confesso que nunca imaginei que essa profissão pudesse render tanto dinheiro. É um retorno muito bom, mas, mesmo assim, decidi não largar a carreira de policial. Concilio as duas coisas”, diz. Para se ter uma ideia do sucesso, Carla já possui mais de 200 patrocinadores e atende às demandas de cada um deles assim que as recebe. Por isso, conta a blogueira, não há um número exato de postagens diárias. “Varia de acordo com o cliente”, completa.
Mais do que ganhar dinheiro, Carla diz que curte a nova profissão porque que se diverte como “instafriend”. “É muito bom trabalhar com o que a gente gosta”, garante. Ao mesmo tempo, ela faz questão de frisar a responsabilidade de seu papel na sociedade, afinal, tornou-se uma “formadora de opinião”. “Este é, de fato, um dos papéis das blogueiras: conversar com seu público, divulgar as tendências e traduzir a moda das passarelas para o guarda-roupas das pessoas, numa linguagem mais próxima e pessoal. Cada vez mais cresce o número de interessados em se vestir bem. A proximidade, a confiança, o conteúdo relevante e uma análise cuidadosa sobre os produtos e as novidades são o que atrai o interesse e conquista os seguidores”, afirma.
E toda essa experiência lhe rendeu o bom entendimento do cenário brasileiro e de suas particularidades regionais. “A moda no Brasil é de altíssima qualidade e tem características bastante interessantes em cada canto do país. No Nordeste e em Minas, por exemplo, a produção traz características culturais bem marcantes, com peças rendadas, bordados e estampas muito elegantes. Sigo estilistas e grifes das duas regiões, pois são muito criativos e de personalidade forte”, salienta.
 
AUTOESTIMA
Na contramão de uma parcela das blogueiras plus size no mundo que, antes de assumirem e gostarem de seu corpo, sofreram anos com dietas malucas e se abateram, muitas vezes, por causa dos comentários preconceituosos a respeito de seu estilo de beleza, Carla Câmara garante que sempre se aceitou e nunca se importou com a opinião dos outros. “Claro que já passei por algumas situações constrangedoras, mas sempre tirei de letra. Acho que, por conta dessa autoconfiança, preconceito mesmo nunca sofri. Nem mesmo depois que me tornei formadora de opinião no universo da moda”, revela.
Para Carla, a moda tem a ver com o estilo de cada um. “Não é porque aquele look está em alta que as pessoas devem usar. Uma dica que sempre dou para as minhas seguidoras é para elas irem para frente do espelho e fazerem uma autoavaliação. Somente assim, elas vão perceber se aquela roupa ficou realmente boa para elas. Eu, por exemplo, sigo as tendências, mas visto aquilo que cai bem em mim. O importante é usar a moda a seu favor e se sentir bem, é você estar bem consigo mesma, valorizando aquilo que você tem de mais bonito: seja o colo, seja as pernas”.
 
 

 




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