Fitness, mas sem neura

De tempos em tempos, surgem dezenas de novas dietas por aí, prometendo quilos a menos em pouquíssimo tempo, mas elas já não fazem mais a cabeça de gente que busca manter um estilo de vida saudável. É que, geralmente, essas “receitas de emagrecimento” ultr

Criado em 07 de Maio de 2019 Saúde e Vida

A advogada Lorrainy Araújo, depois de ter sofrido com dietas restritivas, hoje mantém estilo de vida saudável, mas também se permitindo alguns agrados

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Sara Lira

A busca do corpo perfeito e saudável é uma meta da maioria das pessoas do mundo moderno. E, para alcançar o objetivo, elas têm à disposição algumas das diversas dietas que surgem a cada dia, prometendo resultados rápidos, sendo grande parte delas com proibições a certos alimentos ou grupos alimentares. No entanto, especialistas alertam que uma vida saudável não exige sacrifícios absurdos, apenas equilíbrio.
Na opinião do nutricionista Felipe Almeida, há muita informação errada, que cria mitos em torno de alguns alimentos, como os carboidratos, por exemplo, sugerindo que eles prejudicam o emagrecimento. “Emagrecer é perder gordura, diferentemente de perder peso”, explica. O número a menos na balança pode significar perda de líquido retido ou de massa. Para perder gordura, segundo ele, é importante entrar em déficit calórico, ou seja, consumir menos calorias do que se gasta, e não cortar por completo certos alimentos.
Almeida usa o Instagram (@nutrifelipealmeida) para combater determinados “mitos” sobre a alimentação saudável, sempre apresentando estudos científicos para comprovar suas opiniões. Também é nessa rede social que têm surgido, cada vez mais, blogueiras fitness mostrando sua vida real. Elas aparecem treinando, comendo salada, tomando suplementos e, como resultado, exibem corpos esculturais. O que antes não ocorria e, agora, está se tornando comum são posts delas indo a uma pizzaria ou a um rodízio de comida japonesa. Elas mostram ainda suas “imperfeições”, como estrias e celulites, incentivando as mulheres a amarem o próprio corpo.
A estudante de nutrição Natasha Villaschi, do Espírito Santo, é uma delas. Com postagens bem-humoradas e reflexivas (@nvillaschi.fitness), a jovem conta aos mais de 440 mil seguidores sua história de superação após ter vencido a anorexia, a bulimia e a compulsão alimentar. Ela fala de como aprendeu a se relacionar bem com a comida. Sua principal frase é: “A exceção não altera a constância”.
Outro exemplo que mostra a mudança de consciência em relação à boa forma física é a empresária e também acadêmica de nutrição mineira Júlia Ribeiral, mais de 440 mil seguidores no Instagram (@vidafitsemstress). Ela simplifica a vida fitness mostrando que se alimentar de maneira saudável não é caro e requer receitas fáceis, que qualquer um consegue fazer em casa.

Nada de “isso não pode comer”

Para o nutricionista Felipe Almeida, em regra geral não existe alimento proibido. A pessoa não pode ver a alimentação como um sofrimento. Se está sofrido é porque está fazendo algo errado”, diz. Ele acredita que ter uma alimentação saudável é mais simples do que parece: basta manter a constância na ingestão de alimentos in natura, como vegetais, grãos e laticínios e evitar itens ultraprocessados e industrializados. “Em longo prazo, não se deve cortar alimentos ricos em nutrientes, como leguminosas ou frutas”, orienta.
Outro alerta que ele faz é sobre dietas restritivas. Segundo o especialista, elas podem ser estratégias nutricionais para algumas pessoas, dependendo do objetivo delas. A cetogênica, por exemplo, segundo ele, pode ser positiva para diabéticos, pois tem como prerrogativa a ingestão mínima de carboidratos, priorizando alimentos ricos em gorduras saudáveis. A restrição de calorias pode servir de base para um obeso perder peso e gordura e ainda melhorar seus níveis de colesterol. Por isso, o especialista reforça a necessidade de a pessoa ter o acompanhamento de um profissional antes de adotar qualquer tipo de dietas.
O nutricionista lembra ainda o perigo do efeito contrário que dietas restritivas podem provocar: “Quando a pessoa não consegue seguir por muito tempo o que se propôs, cai em uma compulsão e torna a ganhar os quilos perdidos ou até mais”.
A advogada Lorrainy Araújo de Oliveira, de 28 anos, relata que, por um período de sua vida, restringiu muito a alimentação e, por isso, não conseguiu levar adiante a dieta e, pior, passou a comer compulsivamente depois. “Você acaba se forçando a cortar tudo de uma vez e não consegue manter. Depois, para voltar a ter uma alimentação saudável, é muito mais difícil. Não é possível ter constância com radicalismo”, diz.

“É importante a pessoa ter o acompanhamento de um profissional, primeiramente, para impedir o déficit de nutrientes e, em segundo lugar, para entender qual dieta será mais útil para ela, como poderá adequar refeições mais à vontade e o que poderá fazer caso tenha algum problema, como diabetes, hipertensão, ovário policístico, doença cardiovascular ou outra alteraçãode saúde.”
 
Felipe Almeida – Nutricionista

A mudança alimentar começou aos 17 anos. Lorrainy queria emagrecer. Ela conta que chegou a adotar várias estratégias para conseguir perder peso. “Já deixei de sair com meus amigos para não comer ou beber. Até que pensei: a vida está passando tão rápido, e estou perdendo muitas coisas em nome de um corpo”, lembra.
Mas foi somente aos 23 anos que a jovem decidiu mudar suas escolhas. Na época, o pai foi diagnosticado com diabetes, e ela estava pré-diabética. Atualmente, Lorrainy tem o acompanhamento de um nutricionista e tenta manter uma rotina alimentar saudável, mas se permitindo algumas concessões. “O que antes era uma preocupação estética se transformou no desejo de envelhecer de forma saudável”, afirma a jovem. Para ela, “momentos de convívio social, onde, geralmente, há comida, são essenciais e fazem bem”, conclui Lorrainy.
A proprietária da loja Mercado Verde – Alimentos Naturais, Tayla Assis, conta que ainda existe uma parcela grande de pessoas que procuram produtos específicos, muito consumidos em dietas da moda, relatando que viram os benefícios deles na internet. “Há quem acredite que irá do 8 ao 80 com a ajuda de uma dieta restritiva, usando produtos isolados”, diz. Porém, na percepção da empresária, aos poucos cresce o número de pessoas que já compreenderam que comer bem é um estilo de vida, e não algo efêmero. “Sempre orientamos e incentivamos os clientes a terem uma alimentação saudável, fazendo disso um hábito”, frisa. 




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