Legado de pai para filho

Dia dos Pais

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Criado em 13 de Agosto de 2014 Capa

Para o empresário Jairo Diniz, o respeito que os filhos, Rafael e Eduardo Diniz, têm pelas pessoas e a dedicação ao trabalho são o segredo para o sucesso que eles alcançaram.

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Sinônimo de amor e proteção, a figura paterna é considerada um verdadeiro herói para a grande parte dos filhos, e tanta admiração pode influenciar na escolha da carreira dos herdeiros. Quem não conhece um filho que exerce a mesma profissão do pai? São inúmeros os casos, e nos mais variados segmentos. Para homenageá-los no mês dedicado a eles, selecionamos cinco histórias que representam muito bem a expressão “tal pai, tal filho”

Lisley Alvarenga

DESDE CRIANÇA, Rafael Diniz, 29, e Eduar­do Diniz, 31, filhos do empresário e co­merciante Jairo Diniz, 58, acompanham o pai em seus negócios. E logo após ele as­sumir, há 25 anos, a administração do Res­taurante Porteira Velha, em Betim, a histó­ria não foi diferente. “Eles eram pequenos e ficavam fazendo exercícios da escola e brincando aqui. Sempre estavam por per­to, conversando com os clientes e foram crescendo nesse ambiente profissional, aprendendo valores fundamentais como honestidade, responsabilidade, dedicação e respeito ao próximo”, afirma Jairo.

“Naturalmente, no dia a dia, fomos aprendendo a atuar no ramo e descobri­mos formas de contribuir, ajudar e inovar os serviços prestados pelos meus pais. Com isso, assumimos responsabilidades e, hoje, com o apoio do meu pai, cuidamos de al­gumas empresas dele. Rafael é responsável pelo Porteira Velha e por toda a parte de eventos. Já eu atuo no ramo de transpor­te e de construção civil”, explica Eduardo. “Assumir as empresas do meu pai foi uma coisa natural. Desde pequenos, acompa­nhamos meus pais no comércio e passamos a gostar do trabalho dele. Como as oportu­nidades foram aparecendo, desenvolvemos novas formas de atuação, diversificando os serviços e sempre buscando a excelência no nosso trabalho. Gostamos muito do que fazemos”, afirma Rafael.

Para Jairo, ver os filhos assumindo o seu legado é uma imensa satisfação. “Eles estão dando continuidade ao meu sonho, e mudando tudo para melhor. Espero que eles continuem gostando do que fazem e que esse trabalho permaneça por muito tempo”, diz o pai, orgulhoso. O amor pelo que eles fazem e o respeito pelas pessoas, segundo Jairo, é o segredo para o sucesso que os filhos alcançaram hoje. “Com a aju­da deles, tenho mais tempo para dedicar a novos projetos, porque sei que posso confiar e acredito muito no potencial de­les”, afirma o empresário, que tem mais um filho, Luciano Diniz, 33, que optou por cursar direito. “Ele é advogado e pro­fessor de universidade. Viaja o país devido à profissão e, agora, vai passar um ano em Portugal para complementar o doutorado. Se tivesse dado continuidade ao meu tra­balho, talvez ele não estaria realizado como está hoje. Fico muito feliz por isso.”

Já os herdeiros, só têm a agradecer os ensinamentos passados pelo pai. “Tenho um filho e, se for possível, quero fazer o mesmo por ele”, garante Eduardo. “Quan­do criança, reclamava muito por não poder brincar, muitas vezes, com meus primos, porque tínhamos hora marcada de estar no restaurante para ajudar meu pai. Mas, hoje, entendo que foi a melhor educação que ele podia nos dar e agradeço muito pelo exemplo, pela oportunidade e por tudo que aprendi com ele”, completa Rafael.


Pai coruja, o advogado Paulo Sérgio Faria afirma que sempre teve orgulho dos filhos e que se sente realizado, não pela profissão que eles escolheram, mas pela retidão de vida que todos têm. Segundo ele, os filhos o completam e o ensinam todos os dias, sendo companheiros com excelentes qualidades profissionais

Foi graças ao sonho de adolescência do pai, Paulo Sérgio Mo­reira de Faria, 61, de se formar em direito e da influência do irmão e também advogado Carlos Faria, 31, que Tenille Amaral de Faria, 32, decidiu deixar a profissão de fisioterapeuta, curso em que também se formou, para se tornar advogada. “Comecei a fazer direito por curiosidade, com a pretensão única de adquirir conhecimentos para a minha vida e por influência do meu pai e de meu irmão mais novo. Não pensava, inicialmente, largar a fi­sioterapia. Porém, no quarto período do curso, eu já estava com­pletamente apaixonada. Não consigo me imaginar exercendo outra profissão”, diz ela. Segundo Tenille, quando soube que ela seguiria a mesma carreira, o pai ficou muito feliz. “Meu pai sem­pre reconheceu meu perfil para o direito, mesmo antes de eu perceber isso”, salienta a advogada. E de fato Paulo Sérgio tem certeza de que a filha fez o curso certo. “A advocacia é o perfil profissional dela. A Tenille é uma pessoa extremamente determi­nada e tem vontade de aprender sempre. Ela e o Carlos sempre me surpreendem com o grau de conhecimento que possuem e com a facilidade de enfrentar situações novas”, explica o pai. “Eles são melhores profissionais que eu”, garante ele, orgulhoso.

Assim que o interesse surgiu, Tenille começou a trabalhar, como estagiária, com o pai e o irmão. Hoje, já formada, eles são sócios de um escritório em Betim. “Meus filhos não dão continuidade ao meu trabalho, eles me completam e me ensi­nam todos os dias, sendo companheiros com excelentes quali­dades profissionais. Sempre tive orgulho dos meus três filhos e me sinto realizado, não pela profissão que eles escolheram, mas pela retidão de vida que todos têm”, emociona-se Paulo. “Aprendo com meu pai todos os dias, sobretudo, diante das adversidades e dos desafios. Ele me ensina a encará-los com prudência, paciência e, ao mesmo tempo, atitude”, afirma Te­nille, ao ressaltar que o pai é melhor advogado que ela. “Mas trabalho todos os dias com muito empenho para um dia ser tão boa quanto ele”, reforça a filha.

Segundo o pediatra Datis Magalhães, ao seguir a sua carreira, o filho, Carlos Eduardo Magalhães, está dando continuidade a uma prática que ele sempre procurou exercer com alegria e amor. Pai e filho trabalham juntos porque acreditam que podem agregar valores: Datis, com sua experiência, e Carlos, com seu dinamismo e novos conhecimentos

Datis Magalhães, 69, e Carlos Eduardo Mariz Magalhães, 32, pai e filho, também compartilham a mesma profissão. Carlos conta que decidiu tornar-se médico pediatra por admirar a pro­fissão do pai. “O fato de eu ter um bom exemplo de médico em casa, o gosto pelo estudo e a vontade de ajudar diretamente a saúde das pessoas me motivaram a seguir a carreira dele”, conta. A parceria entre ambos iniciou-se logo após Carlos fazer residência médica no Hospital da Baleia, em Belo Horizonte, mesmo local em que o pai fez residência, 40 anos antes. “De­pois disso, comecei a atender no consultório médico do meu pai, em Betim, e a dividir plantões em prontos-socorros com ele. Carlos Eduardo explica que, por trabalharem juntos, eles podem manter a proximidade, compartilhar experiências e co­nhecimentos. “Aprendo pediatria todos os dias com ele. Meu pai é uma pessoa de caráter inquestionável. Honesto, humil­de, generoso, paciente, bom pai, marido e amigo, responsável, sensato, estudioso e, como pediatra, o melhor ”, elogia o filho.

Pai extremamente coruja, Datis diz que a decisão de o fi­lho fazer medicina e de vir para Betim atuar ao lado dele como pediatra o encheu de alegria, orgulho e satisfação. “Vi nisso a oportunidade de ele dar continuidade a um trabalho que eu sempre procurei fazer com alegria e amor. Atualmen­te, trabalhamos juntos porque entendemos que podemos agregar valores: eu com minha experiência e ele com fôlego novo, dinamismo, novos conhecimentos e novas tecnologias, que procuro assimilar”, explica o pai. “Confio plenamente na capacidade dele. O Carlos Eduardo é muito determina­do, sincero e também tem grande afinidade e carinho com as crianças, condições essenciais ao bom exercício da pedia­tria”, finaliza Datis. 

Diretora executiva do laboratório Laborclínica, Christiane de Castro diz que não se vê exercendo outra profissão; já o pai, o bioquímico Antônio Pedro Soares, não se cansa de tecer elogios à filha, uma profissional que, segundo ele, é extremamente capacitada e dedicada ao trabalho

 
Antônio Pedro Soares, 73, bioquímico e presidente do laboratório clínico Laborclínica, enumera motivos de alegria quando o assunto é uma de suas herdeiras, Christiane de Castro Soares Costa, 38. “Ela é uma boa filha e mãe, que já me presenteou com dois belos netos. Profissionalmente, tem se dedicado com afinco em atualizar seus conhecimentos e conceitos com cursos, participação em congressos e diversas associações empresariais, que ela aplica na gestão da nossa em­presa. Confio extremamente na capacidade dela, uma pessoa que tem demonstrado muito interesse, aptidão e competência nas suas atividades”, garante o pai. Formada em direito tribu­tário, Christiane é diretora executiva do laboratório fundado pelo pai, com quase 50 anos de atuação de Betim.

Neta, sobrinha e prima de farmacêuticos, ela cresceu vendo a competência, dedicação e amor de sua família e de seus pais pelo empreendimento familiar do qual, hoje, ela assumiu as rédeas. “Apesar de ter sido um caminho árduo, já que, por ser uma empresa familiar, as cobranças se multiplicam, tenho mui­to orgulho de contribuir para o crescimento do Laborclínica. Não me vejo fazendo outra coisa, mas também acredito que não tenha sido fácil para ele, como fundador, delegar grande parte de suas responsabilidades para outra pessoa, mesmo sendo uma filha”, explica Christiane, ao elencar as qualidades do pai. “Talvez ele seja a pessoa mais íntegra, coerente, culta e empreendedora que conheço. É discreto, de fala suave e firme, além de um avô extremamente presente”, diz ela, ao desta­car as maiores lições que aprendeu com o pai ao longo desses anos em que trabalham juntos. “Aprendi a ter responsabilida­de, a ensinar o que queremos receber e a delegar sem nunca perder a responsabilidade. Certa vez, ele me disse que eu teria ‘exigido muito’ de um membro da nossa equipe. Logo respon­di: ‘Mas você é muito exigente comigo’. Aprendi com meu pai o respeito da pontualidade, do limite das pessoas e a trocar o ‘pneu com o carro andando’”, afirma a diretora executiva.

Todos os sábados à noite, Hammer Santos e o filho, o adolescente Pedro Henrique, unem-se a um grupo de betinenses para ajudar as pessoas que vivem nas ruas; além do desejo de ficar mais perto do pai, Pedro diz que sempre teve vontade de ajudá-los e curiosidade de saber como é a vida nas ruas/ Fotos: Muller Miranda

 
Foi o desejo de estar mais próximo do pai, o analista de siste­mas Hammer Lucas Santos, 44, que fez com que o estudante Pedro Henrique Costa Santos, 16, decidisse, há quatro anos, fazer parte do Caravana do Bem, projeto social que auxilia moradores de rua em Betim. “Também tinha curiosidade sobre como era a vida nas ruas e, claro, a vontade de ajudá-los”, ressalta o adolescente. Todos os sábados, a partir das 20h30, pai e filho se unem a um grupo de betinenses para prestar assistência às pessoas que vivem nas ruas. “Distribuímos alimento, roupas, material para higiene pessoal e cobertores. Damos todo tipo de apoio e só ajudamos financeira­mente em casos excepcionais. Abordamos os moradores de rua e perguntamos se eles aceitam nossa ajuda, o que geralmente acon­tece. Aí, oferecemos a eles leite, pão e sopa. Enquanto isso, o res­tante da equipe conversa e oferece a eles alguma roupa, se obser­varmos que é necessário”, explica Pedro, ao ressaltar que o mais importante para ele é doar seu tempo para ajudar essas pessoas. “Dedicar parte de seu tempo para ouvir as histórias, os problemas e as dificuldades delas não é dado por qualquer um. O que é uma pena, pois elas têm muito a contribuir”, lamenta o jovem.

Para Hammer, é muito gratificante poder desenvolver esse trabalho social na companhia do filho. “Minha intenção, quan­do comecei o trabalho, foi mostrar a ele a realidade de quem vive nas ruas. Espero que ele faça outros trabalhos voluntários ao longo da vida e mostre isso também aos filhos dele”, ressalta o pai, emocionado. “Meu filho caçula, João Lucas, 11, me aju­da na preparação dos lanches em casa. Ele ainda não tem idade suficiente para realizar a tarefa na rua, mas já ensino a ele a im­portância de ajudar a quem precisa”, afirma Hammer. Já o filho mais velho, Pedro, faz questão de elencar as qualidades do pai e demonstrar o orgulho que sente dele. “Meu pai cumpre muito bem seu papel, não apenas de cidadão, ao participar dessas ati­vidades voluntárias, mas de pai, ao tentar nos ensinar o que ele crê ser importante na vida. Ele me ensina sempre a tentar ser uma boa pessoa, a ajudar quando puder, a ser prestativo e, prin­cipalmente, a enfrentar as consequências das minhas escolhas. Ele me aconselha a ser honesto, a trabalhar pelo que quero e a dar meu máximo a tudo aquilo que eu me proponha a fazer”, garante Pedro. “Meu pai sempre diz que a vida não é fácil, mas que devemos aproveitá-la ao máximo com o que nos foi dado, respeitando sempre o outro e os nossos limites”, completa. 




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