Mais Aventuras no alto do pódio

O início foi bem parecido com o de grande parte das histórias que ouvimos sobre pessoas que se unem para a prática de alguma atividade física: amigos com uma paixão em comum, que vão convidando outros amigos e, assim, veem o sentimento se multiplicando. A

Criado em 04 de Abril de 2016 Esportes

Hercília Najara e Adney Dabien já conquistaram vários títulos, como o primeiro lugar no pódio da Copa Brou de Mountain Bike, realizada em Itabirito, em 2015

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Julia Ruiz

FOI EM 2012 QUE A enfermeira Hercília Fer­reira de Souza, 27 anos, percebeu que a bicicleta poderia ser muito mais do que um meio de transporte. Naquele ano, ela descobriu a mountain bike e viu que a atividade traduz um estilo de vida. “Co­nheci lugares e pessoas, e vivenciei expe­riências únicas. Foi fácil me apaixonar por um esporte que alia natureza, bem-estar físico e mental, convivência com amigos e descoberta de locais incríveis”, conta. Mas ela descobriu também que poderia ir além da prática despretensiosa. Em 2013, foi convidada pelo empresário Anderson Cordeiro a fazer parte do Mais Aventu­ras, equipe da qual é um dos fundadores e que teve início nesse mesmo ano. Entre passeios, pedais urbanos e outras ativida­des, dois anos se passaram, e, em 2015, Hercília e outros 12 praticantes forma­ram uma espécie de subgrupo da equipe, criado para disputar competições, o Mais Ciclovias. Hoje, ela é uma das principais competidoras do time.


A ciclista, que faz questão de dizer que a mountain bike é um hobby, forma du­pla com o representante comercial Adney Dabien, 38. “Competimos juntos, mas de­pende do tipo de disputa, pois algumas não incluem dupla mista, ou da ambição de cada um, que pode competir em sua categoria”, diz Hercília, que pertence à ca­tegoria sub 30, enquanto o parceiro está na sub 40.

Ela explica que a formação da dupla não foi algo planejado. “O Adney conseguiu vaga para uma prova de regularidade, e a competição era para duplas. Como ele não tinha nenhum parceiro, me convidou, e nós conquistamos o quarto lugar. Depois disso, vieram os primeiros lugares na Copa Brou de Mountain Bike, em Itabirito, no Intercity, em Pedro Leopoldo, no Desafio 5 horas do Brou, em Itabirito; e os terceiros lugares na Copa Internacional de Mountain Bike, em Congonhas, e no Troféu Rogério Pacheco, na Serra do Cipó”, enumera.

A ascensão rápida da dupla não veio à toa. Eles não deixaram suas ocupações para se dedicarem ao esporte; seguem uma rotina de treinos e de muitos cui­dados, que incluem academia e dieta alimentar equilibrada. “Cada um tem a sua planilha de atividades, mas mante­mos contato frequente para compartilhar informações, incentivar um ao outro ou participar de atividades comuns à equi­pe”, relata Hercília.

Apesar do dia a dia puxado, ela garante que a preparação especial, com foco nas competições, se dará agora. “O ano de 2015 foi ótimo, pois conquistamos bons resultados sem um preparo específico. Para a equipe Mais Ciclovias, foi um ano de formação e início de uma consolida­ção, pois começamos já quase no fim da temporada. Agora, o intuito é entrar com força total”.

O plano já deu resultados, pois, no últi­mo dia 1º, no Mountain Bike Intercity Onça de Pitangui, em Pará de Minas, primeira prova individual no ano, Hercília conquis­tou o primeiro lugar na categoria sub-30.


21 ANOS DE PAIXÃO

Integrante do Mais Aventuras desde 2014, Adney Dabien teve seu primeiro contato mais intenso com o ciclismo em 1994, quando foi convidado pelo primo a fazer uma trilha. “Ele me disse: ‘ou você vai voltar pelo resto da vida ou não vai voltar nunca mais’. Me lembro até hoje do semblante dele de felicidade, mesmo com alguns machucados pelo corpo. De lá pra cá, já se passaram, embaixo da mi­nha bicicleta, muitos anos e, com eles, várias pedras, buracos, montanhas, es­tradas, obstáculos, riachos, pontes etc.”, recorda-se.

Com um currículo que chama a aten­ção, ele obteve, além dos grandes resulta­dos em parceria com Hercília, conquistas individuais de peso, também em 2015, como o segundo lugar no Campeona­to Mineiro de Ciclismo – categoria MTB Street –, em Pará de Minas; o primeiro lu­gar no Troféu Edgard Antônio, em Caeté; e o quarto lugar no Prado Viva Bike, na cidade de Prado, na Bahia.

Neste ano Dabien assegura que os objetivos não mudaram. “Primeiramen­te, quero garantir diversão durante as provas; uma segunda meta é conquistar bons resultados em dupla ou em provas individuais”. Bem-humorado, ele prefere não fazer planos em longo prazo. “Não sei até quando isso vai durar ou sobre quan­tas pedras e buracos ainda vou pedalar. A única certeza que tenho é a de que meu primo tinha razão”, brinca.

PEDALANDO E TORCENDO

Companheira de Hercília no ciclismo e também na enfermagem, Talline Hang­-Costa, 30, não é competidora, mas faz questão de acompanhar os amigos para torcer e registrar os principais momentos. “Gosto muito de acompanhá-los por vários motivos: para incentivá-los – sim, eu grito o nome deles quando eles passam –; para prestar algum atendimento de primeiros socorros caso precisem; para oferecer aquele isotônico gelado quando ainda fal­tam 50 km de prova; para ser a motorista porque, no fim das competições, todos ficam exaustos; e para fotografar a alegria deles antes, durante e depois das provas, o que é contagiante”, revela.

Integrante do Mais Aventuras desde 2013, ela diz que ama pedalar e que o faz para se “sentir leve”, sem a necessidade de disputar competições. “Logo que fui convidada por Anderson Cordeiro, me interessei pelos princípios do grupo, que são solidariedade, amizade e amor ao esporte. No fim de 2013, em um pe­dal em Nova Lima, me tornei uma Mais Aventureira”, conta a ciclista, que come­çou a pedalar aos 3 anos. “Até hoje me lembro da bicicletinha rosa, toda florida, que tive. Continuei nesse ritmo até a ado­lescência. Parei por um tempo e retomei com força total aos 25 anos. Amo pedalar porque, assim, posso cuidar da minha saúde, me desligar do mundo e do tra­balho, e relaxar, admirando as maravilhas da natureza”.

MAIS DE MIL ADEPTOS

Foi durante o curso de direito, em 2009, que Anderson Cordeiro, 43, criou, com mais quatro amigos, um grupo para a prática esportiva. Naquele período, a modalidade escolhida era o atletismo. Quatro anos depois, porém, outra paixão falou mais alto, e eles decidiram levar a mountain bike – atividade que o em­presário já praticava há dez anos – para esse universo também. “A ideia era reunir amigos do esporte para ciclos de viagens e pedais urbanos. Precisava de apoio. En­tão, entrei em contato com o diretor da revista Mais, Geraldo Assis, e lhe apresen­tei o projeto. Ele gostou, a revista patroci­nou, e, assim, nasceu a equipe de ciclismo Mais Aventuras. Desde então, o grupo cresceu, e, hoje, já somos 1.282 atletas de várias modalidades, como trail running (corrida de montanha) e pedal urbano”, relata o ciclista.

"Sinto um imenso orgulho de ter apos­tado nesses esportistas. Não só porque estão alçando voos cada vez mais altos, mas, sobretudo, porque o fazem sob os princípios de amor, solidariedade e ami­zade", afirma Geraldo Assis.

O grupo, que tem como principal ca­nal de interação a página facebook.com/equipemaisaventuras, conta com ativida­des fixas, como o Pedal Mais Urbano, que ocorre todas as quartas-feiras, às 20h, na Praça da Liberdade, em BH. Apesar de os encontros normalmente serem realizados na capital, a equipe dispõe de ciclistas de toda a região metropolitana. “Com cresci­mento e organização, começamos a par­ticipar de competições esportivas, como Iron Biker, XTerra, Sertão Diamante, Grande Sertão, Caminhos de Rosa e KTR. O primeiro pódio veio já no ano de cria­ção do grupo, com a dupla Juliana Canton e Paulo Nunes. Fomos amadurecendo nas disputas e, em 2015, resolvemos criar um subgrupo focado em competições. Com isso, passamos a contar com mais um patrocinador e formamos a equipe Mais Ciclovias”, explica Cordeiro, que tam­bém faz parte do grupo de competidores. “Atualmente, foco mais provas de longa distância, como a Caminhos de Rosa, que, neste ano, terá um percurso de 300 km”, acrescenta.

Para 2016, além das atividades fixas e da preparação para competições, Cordei­ro diz que o objetivo é criar uma associa­ção para fomentar a prática esportiva e também para obter recursos, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte.




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