Nem cara nem coroa

Moeda virtual bitcoin tem ganhado cada vez mais notoriedade no mundo todo e chegou a ser utilizada em um pedido de resgate feito por hackers que atacaram computadores de 74 países.

Criado em 15 de Março de 2018 Economia
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No mundo cada vez mais digital em que vivemos, seria de se estranhar se o pagamento de bens e serviços também não ganhasse uma moeda alternativa e virtual. Isso não só já aconteceu como ela chegou, e aos montes. Estima-se que haja, aproximadamente, 1.300 criptomoedas atualmente. A mais famosa delas, e responsável pela ascensão das outras, é a bitcoin, criada em 2009.

Já popular no mercado, ela se tornou ainda mais conhecida mundialmente depois que 74 países foram afetados por um ataque de hacker, em maio do ano passado. O vírus utilizado na ação criminosa bloqueava o acesso dos usuários aos arquivos do computador. Para recuperá-lo, era exigido o pagamento de um resgate no valor de US$ 300 (pouco mais de R$ 900, pela cotação da época) via bitcoins.

Diferentemente do dinheiro convencional, a criptomeda não é controlada por um Banco Central. As operações de compra e venda são semelhantes às de uma bolsa de valores, porém, sem regulação. Ao menos no Brasil. “Algumas moedas virtuais nascem e morrem em poucos meses, mas a bitcoin – e, por isso, resolvemos trabalhar somente com ela – está há quase dez anos no mercado, tendo sido regulamentada nos Estados Unidos e no Japão. Ela veio para ficar. O risco que existe por trás é o da volatilidade, pois, ao mesmo tempo em que ela pode custar R$ 70 mil pode cair para R$ 30”, afirma o diretor da Bitcointoyou, corretora da criptomoeda, Alexander Horta.


A corretora Bitcointoyou, situada em Betim, é pioneira no país no mercado
de moedas virtuais: da esquerda para a direita, Thiago Horta (fundador),
Alexander Horta (diretor) e André Horta (fundador)

Interesse em alta

A empresa, fundada em 2010 pelos empresários André e Thiago Horta, está sediada em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, e foi pioneira no mercado de moedas virtuais no país. Hoje, ela possui mais de 300 mil clientes em todo o Brasil, sendo que quase metade deles (40%) concentra-se em São Paulo.

De acordo com Alexander Horta, o perfil predominante da clientela é de homens (cerca de 70%), na faixa dos 21 aos 45 anos e de todas as classes. “A bitcoin é diferente do mercado de ações porque é acessível. A pessoa consegue adquirir a moeda a partir de R$ 150”, explica o diretor da corretora mineira.

O interesse acerca da criptomoeda tem sido tanto que a Bitcointoyou – cujo atendimento é exclusivamente virtual – criou, em 2017, uma central de suporte para prestar informações e orientações de compra e venda de bitcoins por meio de telefone, chat ou e-mail. Com aproximadamente 35 funcionários, a corretora direcionou boa parte da equipe a essa finalidade.

“É muito fácil adquirir uma bitcoin. É preciso apresentar a documentação pessoal, entrar em nosso site, fazer o cadastro e realizar um depósito em nossas contas através de um dos cinco bancos aos quais somos conveniados. O valor depositado é disponibilizado em créditos para a compra de bitcoins, já descontadas as taxas de administração. Pronto! A pessoa está apta a operar com a moeda”, detalha Horta.

Ainda segundo o diretor da empresa, as pessoas têm visto na moeda virtual uma opção de rendimento que não é encontrada no mercado tradicional de investimentos, e, por isso, muitos têm deixado a poupança e o certificado de depósito bancário (CDB) para adquirir bitcoins. A vantagem, conforme apontado por Horta, é a independência da influência política.

“É uma moeda globalizada, e as oscilações se dão justamente por comportamentos internacionais. Países em crise não afetam a valorização ou a desvalorização dela”, salienta.

Contraponto

Mas, se, por um lado, as bitcoins animam quem tem nelas o ator principal do negócio, por outro, há quem acredite que o futuro da criptomoeda não seja tão promissor. Para a professora de economia da Universidade Federal de Brasília (UnB) Maria de Lourdes Rollemberg Mollo, o alcance do dinheiro virtual não é capaz de superar o das moedas nacionais, por exemplo. “Uma moeda completa tem características que a bitcoin não consegue ter, em particular, o reconhecimento social generalizado que precisa possuir para que circule por todos os espaços. Na minha concepção, ela tem pouca chance de se tornar uma moeda efetiva”, afirma. A economista diz ainda que, embora assumam função de moeda ao fazerem transações como meio de troca, as bitcoins não são consideradas uma boa reserva de valor. “As pessoas não detêm com facilidade a bitcoin em uma proporção em que se generalize a aceitação da moeda virtual como comum ou nacional”, completa. (Com informações da Agência Brasil)




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