O poder de salto alto

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Criado em 14 de Março de 2013 Conversa Refinada
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Perfil

Marilene Alves Torres, 36 anos

Naturalidade: Contagem

Formação: Formada em letras e pós-graduada em diversidade religiosa

Currículo: Professora e atual vereadora na Câmara Municipal de Betim pelo Partido Republicano Progressista (PRP) 

 

Ela é esposa do ex-vereador e atual secretário de Esportes de Betim, Carlos Roberto de Carvalho, o Beto do Depósito, com quem tem uma filha de seis anos, Ana Júlia. Vereadora mais votada na cidade nas eleições de 2012, Marilene Alves Torres, 36, abriu as portas da sua aconchegante casa para contar à Mais sobre seu dia a dia e sua relação com a família e o trabalho

 

REVISTA MAIS – Como foi a sua infância? Conte um pouco sobre esse período de sua vida.

MARILENE TORRES – Eu nasci em Contagem e morei até os 9 anos no bairro Cabana do Pai Tomás, em Belo Horizonte. Minha infância foi simples, mas muito divertida. Eu brincava na rua com os meninos e descia os morros em carrinhos de rolimãs. Tenho até uma marca por causa de um tombo que levei certa vez. Após terminar a terceira série, minha família mudou- se para o bairro Duque de Caxias, em Betim. Passei a estudar na Escola Isaura Coelho, no bairro Jardim Alterosas. Foi uma infância muito saudável. Hoje, não vemos mais as crianças se divertindo com as brincadeiras de antigamente, como queimada e rouba-bandeira.

Como foram os seus primeiros anos em Betim?

Após alguns anos no Duque de Caxias, nós nos mudamos para o Bueno Franco, porque lá tinha mais infraestrutura do que nosso antigo bairro. Para se ter uma ideia, no Duque, para a gente pegar um ônibus para ir à escola, precisava passar por um local sem iluminação. Era muito perigoso. Por isso, meu pai mudou-se para o Bueno Franco. Passei a estudar no Cetap (Centro Educacional Técnico e de Artes Profissionais). Quando eu tinha 14 anos, período em que eu estava na oitava série, fui eleita a “1ª Garota Cetap”. Naquela época, isso era um marco, porque não existiam tantos concursos em escolas de Betim. Foi super chique! Terminei meu segundo grau nessa escola.

A senhora é formada em quê?

Fiz parte da terceira turma do curso de letras da PUC Betim. Morava no Bueno Franco e comecei a dar aulas na escola Juscelino Kubistchek, no mesmo bairro. Depois de formada, cheguei a trabalhar nos três turnos. Brinco que quase todos os alunos do bairro foram meus, porque eu atuei lá por muitos anos. Até hoje, quando passo na região, ex-alunos olham para mim e dizem: “Olha lá a professora”. Também dei aulas na escola Sílvio Lobo, no Filadélfia.

Como era seu trabalho em sala de aula? Muita coisa mudou dessa época para cá?

Acho que antigamente os estudantes tinham mais disciplina que os alunos atuais, até porque as dificuldades também eram maiores. Havia poucos ônibus, poucas escolas. Quem ia para escola, ia para aprender mesmo. Um pouco diferente de hoje, pois muitos estudantes vão para a escola porque têm benefícios do governo e, por isso, são obrigados a frequentar as aulas. Além disso, a categoria dos professores ainda é pouco reconhecida. Faltam motivação e salários melhores.

Mesmo eleita vereadora em Betim, continua a trabalhar dando aulas?

Não, mas tenho uma escolinha para crianças entre 3 e 5 anos. Temos três turmas de educação infantil. A escola fica no bairro Cruzeiro do Sul. É pública e os pais não pagam nada. Nossa intenção é terminar a quadra, reformar o parquinho e o refeitório, porque a demanda ali é muito grande.

Nessa escolinha, a senhora trabalhava na alfabetização de adultos?

Não sou alfabetizadora, mas já ajudei em aulas das turmas do EJA (Educação de Jovens e Adultos). Foi muito bom. Digo sempre que, quando um aluno não aprende, o professor perde um pouco da alma. No EJA, tive momentos gratificantes. Lembro-me de uma senhora de 83 anos, chamada Alda, que ajudei alfabetizar. No dia em que ela conseguiu escrever seu nome completo, foi uma emoção enorme para ela e para mim. A gente ensina, mas aprende muito mais dentro da sala de aula. A senhora é casada com o ex-vereador e atual secretário de Esportes, Beto do Depósito, há 10 anos.

Como vocês se conheceram?

Quando eu ainda morava no Duque de Caxias, meu pai costumava comprar no depósito que o Beto tinha. Na época, eu era uma menina. O Beto é um pouco mais velho que eu, mas não muito. Depois, fui morar no Bueno Franco e, já mais velha, nos reencontramos. Ele já havia sido casado antes e, depois de um tempo, resolvemos namorar e nos casar. Após quatro anos juntos, nasceu a Ana Júlia.

O Beto teve uma filha do primeiro casamento. Como é a convivência de vocês?  

Nossa convivência é muito boa. A Paula tem 22 anos e nos damos muito bem. Ela trata a Ana Júlia como se fosse filha dela.

Como é seu dia a dia com a Ana Júlia?

Acompanho de perto a rotina dela. Claro que tem momentos que não dá, pois tenho coisas para resolver da Câmara e outros afazeres. Mas sou muito presente. Faço o dever de casa com ela todos os dias. Neste ano, ela mudou de escola e a colocamos para ir de van escolar. Mas ela não se adaptou. Então, eu a levo e busco todos os dias. Quando não dá, peço alguém para ir, mas, praticamente, sou só eu. Tento adaptar meus horários e obrigações de forma que eu não fique muito longe dela.

E a Marilene dona de casa?

Até que eu gosto de fazer alguma coisa em casa. Falo que gosto de serviço de índio, pois sempre procuro algo para fazer. Tenho uma funcionária que cuida da casa, mas estou sempre por perto. Quando ela tira férias, nem contrato uma substituta. Eu mesma cuido da casa. Também não gosto de ver nada precisando ser feito e ninguém tomar providência. Outro dia, eu mesma pintei um monte de telhas aqui de casa, porque estamos construindo. Se elas estão ali e ninguém faz isso, por que eu mesma não posso fazer?

A senhora se considera uma boa cozinheira?

Até que sim! De vez em quando eu me aventuro na cozinha. Dizem que eu faço um peixe muito gostoso.

Nós percebemos que a sua casa é muito bem planejada. Gosta de decoração?

Sim. Gosto muito de decoração. Fico sempre ligada nas novas tendências. Se vou a alguma loja e gosto de um objeto de decoração, eu levo. Quando assisto a uma novela,

fico atenta à decoração dos ambientes.Quando fizemos o projeto daqui de casa, falei para o arquiteto tudo que eu queria. Ele fez o desenho, mas eu dei muitos pitacos.

O que mais gosta de fazer nas horas vagas?

Adoro ir à academia, me exercitar. Se eu estou estressada, começo a caminhar. Depois que me tornei vereadora, o tempo ficou curto e parei de frequentar. Mas quero voltar o mais rápido possível. Gosto também de passear com meus cachorros. Tenho um labrador e frequentemente passeio com ele na rua.

Considera-se uma mulher vaidosa?

Acho que toda mulher é vaidosa. Algumas são menos e outras mais. Mas minha vaidade é na medida certa. Como falei, gosto muito de praticar atividades físicas. Quando me arrumo para sair, se coloco um maxicolar, ponho um brinco menor, e vice- -versa. Não gosto de exagerar. Acredito que ser chique é também ser discreta. Mas me cuido, porque a gravidade está aí, né.

Por que decidiu se candidatar a vereadora?

O Beto não iria ser candidato novamente. Então, o grupo político dele começou a discutir nomes que pudessem continuar com os projetos e o trabalho dele. Até que chegaram ao meu nome. Então me tornei presidente municipal do PRP e lancei a minha candidatura, que foi um consenso também entre os apoiadores do Beto. Foi uma coisa que foi fluindo naturalmente. Eu estou bastante motivada com esse desafio, pois tenho de conciliar as tarefas de esposa, mãe, mulher e, agora, vereadora. Mas está dando certo. Tenho um ótimo relacionamento com meus colegas da Câmara.

A presença da mulher ainda é irrisória na política?

Acho que sim, apesar de percebermos que cresceu bastante nos últimos anos. Mas, mesmo assim, acho que deveria ser maior. Veja bem, na última legislatura (2008-2012) não tínhamos mulher alguma na Câmara de Betim. Hoje, temos a Elza (do Divino Braga) e eu. Mas esse número poderia ser maior.

 

 




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