Paixão pela cachaça

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Criado em 14 de Março de 2013 Comportamento
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A cachaça é a bebida mais nacional que existe. Começou a ser produzida ainda no Brasil colônia, resistiu ao tempo, chegando ao século XXI consagrada como brasileiríssima. Obtida a partir da destilação do caldo da cana-de-açúcar fermentada, ela é apreciada em diversos cantos do mundo e representa a cultura nacional, assim como a feijoada e o futebol.

A indústria brasileira de cachaça emprega mais de 450 mil pessoas em todo o país. Cerca de 1,3 bilhão de litros, das mais de 8.000 marcas de cachaças comercializadas no Brasil, é produzido, atualmente, nas indústrias e alambiques. E boa parte dela de maneira artesanal.

Além de estar presente em todo “barzinho de esquina” e, até mesmo, em

grandes restaurantes, a cachaça atrai colecionadores de todas as regiões do país. O funcionário público Osvander Valadão é um deles. Na adega de sua casa, em Betim, ele possui 1.228 garrafas de cachaças. “Todas são únicas. Cada uma de uma marca diferente”, revela.

Ele conta que começou a colecionar em 2004. “Além de apreciar a bebida, a história dela sempre me seduziu. Então, comecei a colecioná-la. Em todo lugar que eu ia, a primeira coisa que procurava era uma garrafa de cachaça. Com isso, também passei a ter contato com outros colecionadores, e começamos a trocar aquelas que são repetidas”, explica.

Para que não haja repetições, diz ele, todos os frascos são catalogados, com informações da região em que são produzidos. As amostras também são lacradas e não são consumidas. “A grande maioria é mineira, pois a maior produção está no Estado”, diz Valadão.

Inusitado

Alguns frascos são bastante diferentes, como uns que têm o formato do corpo de uma mulher, algumas com o bico entortado ou no formato de “L”. Os nomes também são bem criativos. Na coleção de Valadão, existem cachaças chamadas Penissilina, Opinião, Providência, Cura de Veado. Mesmo entre marcas e modelos, por algumas ele tem uma admiração especial. “Tenho uma com o nome de Mula Preta, que não é produzida mais, ou seja, é uma relíquia.”

Além dela, a Havana, considerada uma das melhores cachaças brasileiras já produzidas, ele possui de duas formas. “Eu tenho a de rótulo normal, que custa em torno de R$ 70, e a que tem o rótulo de 70 anos. O valor de mercado dessa última gira em torno de R$ 600 a R$ 700”, afirma o funcionário público.

Muitas marcas de cachaças não são produzidas mais. Isso torna o valor sentimental delas muito grande para o colecionador. “Temos muitos rótulos antigos que são difíceis de encontrar. Se alguém perguntar quanto custa, nem sei dar o valor. Isso, toda pessoa que coleciona tem, porque, além de ser histórico, é um privilégio ter esse produto.”

 

Recorde

Um biólogo mineiro conseguiu uma proeza. Morador de Alfenas, ele foi parar no livro dos recordes pelo grande número de cachaças que tem em casa. São cerca de 15 mil.

Messias Soares Cavalcanti possui algumas muito antigas. Uma delas é de 1918. Segundo ele, a coleção é uma “forma de preservar objetos que, em algum momento, fizeram parte do cotidiano de várias pessoas”.

Ele também recorda como iniciou a coleção. “Comecei o acervo há muitos anos, fazendo aquisições em bares, armazéns, adegas e supermercados. Também conseguia garrafas do próprio produtor, pela internet, como presentes e comprando coleções já existentes. Algumas adquiridas estavam em excelentes condições, enquanto outras se apresentavam em estado deplorável. Houve um caso em que parte da coleção fora submergida em decorrência de uma enchente. Isso explica o fato de algumas delas apresentarem rótulos quase ilegíveis e/ou danificados”, revela o colecionador, que também é autor de dois livros sobre a bebida

Colecionador desde 2004, o funcionário público Osvander Valadão possui na adega de sua casa, em Betim, 1.228 garrafas de cachaças, todas únicas e cada uma de uma marca diferente 

Um pouco da história da bebida

Na produção colonial de açúcar, cachaça era o nome dado à primeira espuma que subia à superfície do caldo de cana fervido. Ela era fornecida aos animais ou descartada. Já a segunda espuma era consumida pelos escravos, principalmente, depois de fermentada. Posteriormente, com a destilação da espuma e do melaço fermentados, e a produção de aguardente de baixa qualidade, essa passou a ser também denominada de cachaça e era fornecida a escravos ou adquirida por pessoas de baixa renda.




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