Por um parto mais natural

Humanização do parto

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Criado em 13 de Novembro de 2014 Capa

As luzes na penumbra, palavras de carinho do marido, a assistência de duas enfermeiras e o acompanhamento de duas queridas doulas: Kalu Brum e Raquel Leffäs. Foi nesse ambiente acolhedor, que Carina Jorge teve seu primeiro Carina Jorge teve Bernardo.

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Contrariando as estatísticas no país, em que 80% das mulheres Fazem cesáreas, estas mães querem ser protagonistas do nascimento do próprio filho e decidiram dar à luz de uma forma natural e humanizada

Lisley Alvarenga

UMA MULHER PRESTES A DAR À LUZ, gritos de dor, suor, risco de morte e desespero. Essa cena exagerada de sofrimento no parto, retratada repeti­das vezes em telenovelas no país, revela, além da influência da mídia no medo e na desvalorização do parto normal ou natural, como é deturpa­da a visão de grande parte das brasileiras sobre esse momento único na vida de quem sonha em ser mãe. E o fortalecimento desse imaginário, infelizmente, não é apenas cultural; reflete-se em números. Segundo le­vantamento recente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), no Brasil, a atualmente 40% das mulheres fazem cesárea na rede pública e cerca de 80% dos nascimentos pela rede privada também é feito por cirur­gias, percentual bem superior ao recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de apenas 15%.

De fato, para alguns especialistas da área da saúde, além de ser um procedimento considerado seguro para as mães, é muito mais cômodo. Isso porque o tempo gasto durante esse tipo de parto, se comparado ao natural, é muito menor, e a remuneração paga pelos planos de saúde, em contrapartida, é similar. Contudo, muitas mulheres hoje, dispostas a vivenciar esse momento único e proporcionar bem-estar para si e para o filho, decidiram contrariar o senso comum para se tornarem protagonis­tas do próprio parto, buscando a humanização do seu parto.

É o caso, por exemplo, de Camila Santos da Volta, 25. Mãe de três fi­lhos, Jimi, Zion e a pequena Gaia, ela faz parte de um contingente cada vez maior de mulheres que enxergaram no parto humanizado a melhor opção para o nascimento do filho. Camila conta que tanto o primogênito, Jimi, hoje com 5 anos e meio, quanto sua caçula, de apenas 3 meses, nasceram via parto natural humanizado, dentro da água, na casa de parto (primeira de Minas Gerais) do Hospital Sofia Feldman, unidade de saúde de Belo Horizonte considerada referência no país quando o assunto é realizar par­tos normais e promover a assistência humanizada à gestante. “Depois da experiência que tive no parto dele, senti que não havia caminho melhor a escolher e optei novamente pelo parto natural. O nascimento de Gaia foi lindíssimo e uma experiência incrível. No meu caso, tive dois partos na água, mas sempre digo que o mais importante é que a mãe se sinta segura e bem para dar à luz em qualquer que seja o local de sua es­colha: no chuveiro, na cama, de cócoras, entre outros”, enfatiza.

Muitos especialistas consideram que o parto na água é menos traumático para os bebês, já que, ao nascer em uma banheira confortável, a criança entra em contato com a água em uma temperatura seme­lhante à corporal: em média 36,5° C. “As­sim, não ocorre choque térmico no mo­mento do nascimento do bebê. Quando ele nasce dentro da água, normalmente, não tem percepção de que nasceu. Isso, muitas vezes, é confundido com um bebê deprimido, o que não é verdade”, garan­te o médico obstetra Renato Janone, do Núcleo Bem Nascer, que acolhe dúvidas, receios e desejos da mulher, com o intui­to de garantir uma assistência perinatal segura e humanizada.

Mais que indicar o parto na água, Ca­mila afirma que o primordial é que a mãe decida por um parto natural e humani­zado. “Se mais profissionais dessa área e mães optassem por esse caminho, com certeza, teríamos bebês mais felizes nas­cendo por aí, e cada vez mais mulheres compreendendo que o parto não é nada daquela cena de gritos e medo que a mídia sempre divulga. Elas entenderiam que um procedimento cirúrgico como a cesárea não é o modo mais legal de tra­zer seu filho ao mundo e, acima de tudo, entenderiam que dar à luz pode e deve ser belo, simples e encantador. É o resga­te das origens, do feminino, do natural. O ciclo natural da vida”, garante Camila.

Mas na primeira gestação de Camila, no que dependesse do marido, o tatua­dor e body piercer Israel Motta Fialho, 25, o nascimento do filho mais velho, Jimi, aumentaria as estatísticas de cesáreas no país. “No início, ele ficou um pouco receoso, porque eu só tinha conhecimen­to de um hospital que realizava esse tipo de parto em Belo Horizonte. Além disso, o Sofia é uma unidade de saúde públi­ca, e, infelizmente, o SUS não tem uma fama boa. Meu marido temia que pudesse ocorrer algum erro ou negligência médi­ca. Além disso, como o parto natural lá é realizado por enfermeiros obstetras, ele não tinha total segurança sobre a capaci­dade deles de realizar partos”, explica ela.

O receio de Israel é justificado. No parto natural, não há intervenções, e o nascimento da criança acontece de forma espontânea, sem anestesia, cortes ou in­dução à dilatação. Tudo isso, a não ser que haja alguma indicação médica. Nesse tipo de procedimento, que pode ser rápido ou durar horas (podendo chegar a 16 e 18 horas ou, no mínimo, seis horas), o acom­panhamento é feito pelo ritmo, frequência e normalidade dos batimentos cardíacos do bebê e pelos dados vitais da mãe, para assegurar que ambos estejam bem. “Apesar do receio, meu marido sempre esteve ao meu lado, respeitando minhas escolhas e me apoiando a seguir o caminho no qual eu me sentisse mais segura. No nascimento do Jimi, ele pôde vivenciar de perto todo o trabalho desses profissionais e todo o pro­cesso do parto natural e, assim como eu, ficou encantado e muito emocionado com tudo que vivenciamos. Hoje, tanto quanto eu, ele sabe da importância desse tipo de parto para o bebê e para a mulher e de­fende o parto natural e humanizado tanto quanto eu”, afirma Camila.

O pequeno Bernardo Jorge Machado Nobi, hoje com mais de 2 meses, também chegou ao mundo através de um parto dentro da água, no Sofia Feldmam. Na oca­sião, a mãe, a designer de interiores Carina Jorge Machado Nobi, 26, estava acompa­nhada de duas enfermeiras e duas doulas (mulheres sem experiência técnica na área da saúde, que orientam e assistem a nova mãe no parto e nos cuidados com o bebê): Kalu Brum e Raquel Leffäs. “Quando en­gravidamos, a Carina achava lindo o parto natural, principalmente, na água. Porém, pensava que esse tipo de experiência não seria para ela. Sempre acreditamos que o parto normal é o melhor para a criança e para a mãe. Com o passar da gestação, fomos nos informando e descobrimos que o parto natural é uma das melhores condições de nascimento para a criança. Percebemos que é possível aliviar as dores com outros tipos de soluções não farma­cológicas e, assim, fomos ficando cada dia mais empolgados com o dia do nasci­mento do nosso Bernardo. Escolhemos o parto na água por ser mais uma das formas não farmacológicas de alívio da dor e por acharmos lindo esse tipo de parto”, afirma o marido, Tiago Guilherme Nobi, 26.

Foto: Jéssica Nery

Carina conta que a preparação fez com que Tiago estivesse sempre ao seu lado, o que ajudou a estreitar sua relação com seu marido. “Ele acompanhou todas as consultas da gestação e se interessava muito pelo desenvolvimento do nosso filho. Também acho que a escolha desse tipo de parto fez com que eu me apro­ximasse ainda mais do meu filho. Desde o início, fui a primeira a tocar nele e a pegá-lo nos braços, mostrando que esta­mos juntos para o que der e vier. O amor aumenta, e muito, no momento sublime do parto”, completa.

Respeitar e reconhecer as singulari­dades de cada gestante são, sem dúvida alguma, os principais pilares do parto hu­manizado. É nesse tipo de procedimento que a mulher se torna protagonista do próprio parto e dona do próprio corpo, e não o médico. Tudo fica por conta da natureza, e é a mãe que conduz tudo, des­de a decisão do local onde dará à luz e quem acompanhará o parto até o tempo que ela deseja ficar com o bebê no colo logo depois do seu nascimento. “No parto humanizado, a mulher é o foco do cuida­do. Ela tem uma atitude ativa no parto e no nascimento. Atende aos desejos e aos anseios que essa mulher tem, então, ele é muito mais individualizado, no sentido de tentar criar um ambiente ideal que favo­reça, para que o parto seja uma realização dela como gestante e mãe”, explica o obs­tetra Renato Janone.

Foi pensando nisso que a empresária Gabrielle Christina Faria, 28, optou por ter seu segundo filho, Hugo Faria Cardo­so, hoje com 1 ano e 7 meses, através de um parto natural. Traumatizada com a ce­sárea da primeira filha, Ísis Faria Cardoso, hoje com 7 anos, Gabrielle não hesitou em buscar informações, pesquisar e tro­car ideias com outras mulheres antes de se decidir pelo parto humanizado. “Quan­do meu marido (Luciano Cardoso Reis, 37) e eu resolvemos ter outro filho, de­cidi também que não passaria por todo o sofrimento de uma cesárea desnecessária, sem escolha e cruel, na qual eu e minha filha fomos jogadas pela pressa, ganância e insensibilidade do sistema e da médica na época. Algo que me levou a ter seque­las físicas e psicológicas”, revela. “Após conhecer algumas maternidades, optei pelo Odete Valadares. Encontrei-me ali e sabia que, por ter toda uma estrutura hos­pitalar, poderia ser socorrida, em caso de emergência”, enfatiza.

Gabrielle teve um parto sem nenhuma intervenção e com duração de 13 horas. Antes de o pequeno Hugo nascer, ela con­ta que aguardou em uma área individual dentro do Odete Valadares, onde recebeu acompanhamento constante de médicos, enfermeiras, além de equipamentos a sua disposição, como bolas, bastão, barra e um chuveiro quente, debaixo do qual fi­cou por quase uma hora. “Quando a bolsa estourou, a anestesista me perguntou se eu iria querer analgesia, mas me mantive firme e recusei. Enquanto aguardava, meu marido fazia massagem nas minhas cos­tas, e eu simplesmente ouvia meus man­tras pelo fone e ficava de olhos fechados, fazendo movimentos para controlar a dor. Quando ela aumentou, me levaram para o bloco. Cercada de todos os profissionais, fiz apenas duas forças: uma, em que saiu a cabecinha do Hugo, e a outra, o cor­po. Foi maravilhoso sentir meu filho nos meus braços e vê-lo me olhando com tan­ta ternura. Só conseguia agradecer a Deus por ter a oportunidade de parir”, relem­bra Gabrielle, ao ressaltar que, para ela, o maior benefício do parto natural foi a recuperação. “Quando tive alta da mater­nidade, fiz questão de descer as escadas, andar e tomar banho sozinha”, reforça.

Segundo o diretor clínico do Sofia Fel­dmam, João Batista Marinho de Castro Lima, na humanização do parto, a assis­tência é centrada na mulher, que é o foco principal, e na família. “Nele, é respeitado as bases fisiológicas do processo de nas­cimento e há intervenções somente se houve necessidade. Respeita-se a adoção de práticas que estejam respaldadas em evidências científicas de qualidade e que não sejam inúteis e prejudiciais à mãe e ao bebê. Permitir que a mulher escolha a posição que quer ficar e não obrigá-la a ficar sem ingerir água durante o processo são algumas delas”, explica.

Foto: Jéssica Nery

MEDO DA DOR

Segundo o obstetra Renato Janone, o maior temor das mães no parto natural é a dor. “Imagina-se que ela seja insuportá­vel e que não se possa ter o parto com o mínimo de prazer, o que não é verdade. Temos, inclusive, relatos de partos com orgasmo, com altas taxas de ocitocina endógena (conhecida como hormônio do amor) liberadas pela mulher”, afir­ma o especialista. “Evidências científicas mostram, inclusive, que um parto natural bem conduzido, com a inclusão da doula na equipe de assistência de forma crite­riosa e métodos naturais de alívio, é mui­to mais saudável e traz muito mais prazer e retorno satisfatório para a mulher, em detrimento do parto industrializado (com intervenções), conduzido de forma ati­va”, afirma.

Por tudo isso, é imprescindível a pre­paração emocional e física do casal. “Mas­sagens da musculatura pélvica e alonga­mento da musculatura perineal, por meio de técnicas de fisioterapia e do ioga, que preparam o corpo e o emocional da ges­tante, ensinando posturas e respirações específicas para a gestação e o parto, são muito importantes. Também é impres­cindível o plano de parto, no qual discu­timos com os pais todos os seus desejos e todas as possibilidades do nascimento do bebê”, acrescenta o médico. “Fiz um plano de parto em que detalhei como eu gostaria que ele acontecesse. Aconselho todas as mulheres a fazer o mesmo. No dia do nascimento do meu filho, os pro­fissionais do Sofia respeitaram tudo o que eu queria e, quando algum imprevisto acontecia, tudo era bem conversado e en­contrávamos juntos uma solução”, revela a dona de casa Camila Volta.

No caso do polidor automotivo Jona­than Michel, 28, e da depiladora Jéssica Matias Ribeiro, 22, a cada consulta pré­-natal de João Pedro, hoje com 1 ano e 4 meses, eles buscavam mais informações sobre o processo natural de nascimento do filho. Ela, além disso, aprendia como fazer exercícios, tanto físicos como res­piratórios, para preparar seu corpo para o grande dia. “Também fiz terapias que me ajudaram muito. No dia em que João nasceu, foi a experiência mais incrível de nossas vidas. O nascimento dele foi da forma que eu sempre sonhei. Um parto normal humanizado”, conta.PARTO DOMICILIAR

Considerado um tabu e condenado por muitos especialistas que acreditam que, por ocorrer em casa, ele coloca em risco a vida da mãe e do bebê, já que em caso de algum problema não seria possível socor­rer eventuais intercorrências, o parto do­miciliar é a forma que a hairstylist Thayan­ne Ferreira Lima, 25, decidiu que terá sua segunda filha, Valentina. Segundo Thayan­ne, que em sua primeira experiência como mãe, de Sofia, hoje com 2 anos e 11 meses, teve um parto natural de cócoras, o parto domiciliar sempre a encantou. “No meu caso, que não sofro uma gravidez de risco, esse tipo de parto não é tão contraindica­do. De qualquer forma, estamos (ela e o marido, o tatuador Osvaldo Fonseca, 34) nos preparando muito bem, para que tudo ocorra da melhor forma possível. Além de uma ótima equipe e uma piscina para alí­vio natural da dor, contarei com todos os aparatos para primeiros socorros e inter­corrências”, garante. “Não temo sentir dor nem que algo dê errado, pois tenho total confiança na equipe que escolhi. Estou me preparando muito bem e minha gestação, até o momento, não teve intercorrências. Minha única expectativa, agora, é que tudo corra bem e que meu segundo parto seja tão rápido quanto o primeiro”, diz Thayan­ne, que completa em novembro sete me­ses de gestação.

Foto: Jéssica Nery

De acordo com o obstetra Renato Ja­none, o parto domiciliar não oferece ris­cos à saúde do bebê ou da mãe, desde que sejam seguidos critérios prévios e a gestante tenha um suporte à mão, caso seja necessário que ela seja encaminha­da a um hospital. “Ele é aceito em vários países, principalmente, naqueles que possuem uma política de saúde pública que incentiva esse tipo de atendimento. Porém, para que ocorra bem, devem-se levar em consideração critérios para que a paciente possa ter um parto domiciliar seguro, não sendo indicado em caso de gravidez de risco”, reforça.

Quem também optou por esse tipo de procedimento foi a Rivania Rosa. Com o apoio do marido, Paulo Augusto Dias, ela decidiu dar à luz seu segundo filho, Raul Rosa, através de um parto normal. Segundo ela, que, assim como Gabrielle, sofre uma cesárea desnecessária no nascimento do primeiro filho, hoje com 7 anos, durante o parto ocorrido em sua casa ela não precisou usar nenhuma medicação, nem natural nem alopática. “Foram 16 horas de trabalho de parto ativo, com contrações ritmadas de cinco em cinco minutos. Confesso que senti dor, mas, ao mesmo tempo, senti uma força des­comunal, além de muita tranquilidade e segurança. A úni­ca coisa que temia, mesmo, era ter de precisar ir para um hospital e sofrer violência obstétrica, uma triste realidade vivenciada hoje por muitas mulheres brasileiras”, salienta. De acordo com uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo, uma em cada quatro mulheres é vítima de violência obsté­trica durante o parto no Brasil.

Para Rivania, o nascimento de Raul sobre sua cama, mesmo local em que ele foi concebido, foi um dos maiores acontecimentos da sua vida. “É até difícil expli­car, porque meu parto foi e continua sendo uma experi­ência muito intensa. No meu caso, ele foi um momento muito reservado, no qual minha liberdade sempre foi respeitada. Aqui na minha casa, eu posso fazer o que quiser e receber quem eu desejar. No meu parto, eu es­colhi quem eu queria comigo: meu marido, as parteiras e a doula, ninguém mais”, finaliza.

VERDADEIROS ANJOS DA GUARDA

No ambiente impessoal dos hospitais, onde estão presen­tes inúmeras pessoas desconhecidas em uma hora tão íntima da mulher, ou mesmo dentro de casa, com a presença de familiares e profissionais, uma personagem de extrema im­portância, mas nem sempre conhecida por muitas gestantes, ajuda a transformar a experiência do parto em um momento ainda mais especial e tranquilo. Essa é a doula, palavra de origem grega que significa “mulher que serve”.

Antes do parto, é ela quem orienta o casal sobre o que espe­rar do parto e pós-parto, explicando todos os procedimentos comuns e ajudando a mulher a se preparar, física e emocional­mente, para dar à luz. Durante o procedimento, a doula fun­ciona como uma interface entre a equipe de atendimento e o casal, traduzindo para a mãe os complicados termos médicos e os procedimentos hospitalares e atenuando a eventual frieza da equipe de atendimento num dos momentos mais vulnerá­veis de sua vida. “Nós também ajudamos a parturiente a encon­trar posições mais confortáveis para o trabalho de parto, mos­tramos formas eficientes de respiração e propomos medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens e relaxamento”, explica a jornalista Kalu Brum.

Foi por se encantar pelo trabalho dessas mulheres e por ser apaixonada pelo parto que ela também resolveu se tornar uma. “Em 2007, cheguei a Belo Horizonte para parir meu fi­lho aqui. Na época, morava em São Paulo e tinha um médico tradicional. Quando percebi que ele iria fazer o que sabia, que iria me enganar e me levar para uma cesárea, resolvi vir para BH para, em princípio, parir no Sofia Feldman. Depois conheci a equipe de parto domiciliar e resolvi que teria meu filho em casa”, recorda. A experiência, segundo ela, foi tão maravilhosa que Kalu resolveu compartilhá-la no blog Mamí­feras, criado por ela. “Fez tanto sucesso que fiquei conhecida nacionalmente. Em 2010, depois de ajudar muitas pessoas virtualmente, fiz o curso de doula. Quando terminei, dois dias depois, já estava fazendo meu primeiro atendimento. Nunca mais parei e hoje sou a doula autônoma mais ativa de Belo Horizonte”, afirma. De lá para cá, já somam-se 148 partos, mais de 50 em casa.

Já Luciana Morais, que também atua como doula e consultora de amamentação, conta que decidiu se tornar doula após passar por cesárea desnecessária, no nascimento do primeiro filho. “O sentimento que ficou depois disso foi a certeza de querer ajudar outras mulheres a não passarem pelo que passei. Desde então, soube que queria auxiliá-las na construção de seus partos, na disseminação de informações e boas práticas de parto. Para isso, formei-me enfermeira e há um ano atuo como doula, área que sempre sonhei”, afirma ela, ao ressaltar que a cada nascimento de que participa se sente agradecida por poder ajudar mais uma mulher. “Sinto-me extasiada. Cada parto é como se fosse o pri­meiro, a emoção nunca é a mesma”, finaliza. 




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