Pura Adrenalina

Talentos de Betim falam sobre o amor ao bicicross e as dificuldades que enfrentam para praticar esse esporte que é pra lá de radical

0
Criado em 17 de Junho de 2013 Esportes
A- A A+

Pollyana Lima

Em meio a saltos e manobras de tirar o fôlego, pilotos betinenses dão visibilidade ao esporte radical que invadiu o Brasil nos últimos anos: o bicicross. Também conhecida como BMX, a modalidade é praticada com bicicletas especiais, uma espécie de corrida em pista de terras. Surgiu no fim da década de 1950, na Europa, popularizou- se na Califórnia, nos Estados Unidos, no início dos anos 1960, e se tornou olímpica em 2008, em Pequim, na capital da China. Mas foi somente em 2012 que pilotos brasileiros conseguiram se classificar para disputar o troféu.

No Brasil, o bicicross tornou-se conhecido em 1978, quando Orlando Camacho, campeão da modalidade, foi convidado por uma fabricante de bicicletas a chefiar a primeira equipe de bicicross Racing da América do Sul. Nesse mesmo ano, foi construída a primeira pista brasileira, no bairro Guarujá, no litoral paulista. A partir daí, novos espaços foram surgindo e o esporte seguiu conquistando jovens de todas as regiões do país.

Betim possui sua própria pista de bicicross, local do treino de pilotos da região e sede de vários campeonatos renomados. A piloto betinense Thaynara Morosini Chaves, 18, moradora do bairro Jardim Brasília, pratica o bicicross há 11 anos e está entre os campeões nacionais da modalidade. “Comecei a praticar aos 7 anos. Na época, já gostava muito de esportes e, uma vez, quando passei em frente à pista, me interessei pela modalidade e pedi ao meu pai para participar”, recorda.

Desde então, Thaynara não parou mais. Prova disso é que a atleta já conquistou centenas detroféus e de medalhas. “Hoje, posso afirmar que o bicicross é a minha vida, faz parte da minha história”, afirma a atleta.

 

Dificuldades

Por ser uma campeã na modalidade, Thaynara, uma das principais promessas da categoria Junior Woman no país, possui três patrocinadores. Mas ela conta que nem sempre foi fácil assim. “O bicicross é um esporte caro. Minha família já teve de gastar muito para que eu pudesse treinar e realizar viagens para participar de campeonatos em outros Estados e fora do Brasil”, explica.

Segundo ela, bicicross é um esporte pouco divulgado e, por isso, atrai poucos patrocinadores. “Já deixei de ir a muitos campeonatos fora do Brasil por falta de patrocínio. Bancar viagem, hospedagem, roupas e acessórios é muito caro, não dá para participar de todas as competições por conta própria”, revela a esportista que, só neste ano, já disputou etapas dos campeonatos paulista, sul-americano e da Copa do Mundo.

O estudante e também piloto de bicicross Guilherme Amaral Teixeira, 21, morador do bairro Bom Retiro, em Betim, também reclama da falta de investimento. Ele custeia a prática do esporte com o salário que recebe, trabalhando como mecânico de bicicletas. “Com o que eu ganho posso disputar os campeonatos de São Paulo, mas ainda pretendo participar dos campeonatos mundiais, pan-americanos e sul-americanos. Para isso, esse dinheiro fica pouco”, salienta.

De acordo com Guilherme, outro problema enfrentado pelos pilotos da cidade é a falta de modernização na pista onde eles treinam. “Ela precisa ser reformulada para que fique igual às usadas nas competições”, afirma.

Esse é um problema que a Prefeitura de Betim informa estar buscando resolver. Segundo a Secretaria Municipal de Esportes, alguns reparos já foram feitos na pista, e outras melhorias estão sendo realizadas, como consertos na iluminação, que, de acordo com órgão, vão trazer mais segurança aos esportistas e permitir que os pilotos treinem também à noite.

E apesar das dificuldades para competir, o talentoso atleta já conquistou quase 50 troféus nas categorias Elite Man e Expert 17 /24. “O bicicross foi uma paixão à primeira vista. Independentemente de ganhar dinheiro ou de participar de campeonatos, quero praticar esse esporte pelo resto da minha vida”, declara Guilherme.

Enquanto vencem os desafios, Guilherme e Thaynara preparam-se para representar o Brasil nas Olimpíadas de 2016 e mostrar que nosso país verde e amarelo abriga grandes talentos.

 

Saiba mais

O BMX ou bicicross divide-se em duas modalidades: o BMX Racing (corrida) e o BMX Freestyle (manobras). Já o Freestyle (estilo livre) também é dividido em modalidades, sendo diferenciadas pelo local.

Thaynara Marosini e Guilherme Amaral. Fotos: Deivisson Fernandes

Principais títulos

Thaynara Morosini 

  • Campeã paulista em 2011
  • Campeã pan-americana em 2012
  • Campeã sul-americana em 2012
  • Campeã brasileira em 2012
  • 7º lugar no mundial em 2012
  • 4ª melhor do mundo no ranking mundial 2012
  • Melhor no ranking nacional e América  Latina 2012

 

Guilherme Amaral

  • Campeão mineiro em 2010
  • Campeão regional por quatro vezes, entre 2008 a 2011
  • 4º lugar no Campeonato Brasileiro 2012



AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Mais. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Mais poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.