Reconhecimento internacional
FERNANDA DE PAULA
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Arquivo pessoal
Apresentadora da rede australiana de televisão SBS, Fernanda de Paula trocou Betim por Sidney há 10 anos e, agora, colhe os frutos do sucesso: ela esteve no Brasil para a cobertura da Copa do Mundo
Luna Normand
DE BETIM PARA O MUNDO, Fernanda de Paula, 30, é atualmente o nome do Brasil na Austrália. Apresentadora e produtora da rede australiana de televisão SBS, ela conquistou um dos maiores e mais disputados postos do mundo televisivo: o comando da cobertura de uma Copa do Mundo. Mais um desafio na vida da bela betinense que, aos 20 anos, largou tudo para construir, longe da família, a sua vida do outro lado do planeta.
Hoje, dez anos depois, ela colhe os frutos de uma história que tem o amor como protagonista e Betim como cenário. “Fui para Sidney estudar inglês e viver um amor com o Eduardo (de Macedo), que eu conheci e por quem me apaixonei em Betim. O plano inicial era ficar seis meses, mas eu amei a Austrália. Menos de um ano depois, eu me casei e aí resolvi ficar de vez no país”, conta.
Fernanda, que nunca havia morado fora antes, diz que a adaptação ocorreu mais rapidamente que o esperado. A única barreira, o inglês, ela tirou de letra. “Várias pessoas que moram lá falam que nunca viram isso. Em pouco tempo, eu já tinha me acostumado com a cultura, a língua e o dia a dia australiano”, afirma.
O mais difícil, segundo ela, foi abrir mão do jornalismo. Fernanda precisou abandonar o curso em uma renomada faculdade de comunicação em Belo Horizonte para se mudar para a Austrália. “Eu pensava: ‘puxa vida, eu amo comunicação e vou ter que deixar isso’. Cheguei a trabalhar no ramo comercial, importei alguns produtos do Brasil e trabalhei em lojas, porque achava que seria muito difícil atuar com jornalismo no exterior. Mas a paixão falou mais alto e, há cinco anos, resolvi fazer um curso de mídia e comunicação em Sidney”, lembra.
Com o diploma de qualificação em mãos, uma pitada de sorte e muito talento, Fernanda de Paula conseguiu o emprego dos sonhos: ser produtora da rede SBS, uma das maiores emissoras da Austrália. Segundo ela, tudo graças ao “jeitinho brasileiro”. “É uma história engraçada. Havia mais de 100 pessoas para a vaga. Competi com australianos e gente de várias nacionalidades e com a mesma qualificação. E eu tenho mania de piscar para tudo, dar aquela piscadinha, sabe? Depois que fiz o teste, fui agradecer e sem querer dei uma piscada para o rapaz que conduzia os candidatos. Hoje, dizem que eu ganhei a vaga também pela simpatia”, lembra, com bom humor.
COPA DO MUNDO
Fernanda esteve no Rio de Janeiro desde o início de junho, onde a SBS – que detém os diretos de transmissão do campeonato na TV aberta australiana – montou um estúdio para a cobertura dos jogos da Copa do Mundo. O posto de apresentadora, ela conquistou no ano passado, após produzir e comandar o documentário “This Is Brazil”, que mostrou o estilo de vida, a culinária e a cultura de cada uma das 12 cidades-sede da Copa.
“Eles pediram para eu fazer um teste para ser apresentadora no início do ano passado. Eu fiz, eles gostaram e disseram que o próximo programa que a TV produzisse seria meu. Eu propus, então, uma série especial sobre o Brasil, justamente por causa da Copa do Mundo. Graças a Deus, ela foi muito bem aceita e gerou uma repercussão enorme. Depois disso, eles me chamaram para cobrir o Mundial”, revela, acrescentando que a experiência foi um privilégio. “Digo que, quanto mais eu trabalho, mais eu tenho sorte”, afirma.
A fama não assusta a betinense, que diz ter sido mais reconhecida no Brasil do que em Sidney. Ainda não estou sentindo a fama, mas acho que no Brasil a repercussão foi bem maior. Durante a transmissão da Copa, os australianos me viam no Brasil e perguntavam se eu era a garota da TV. Éra engraçado”, afirma.
VELHOS TEMPOS
Nascida e criada em Betim, Fernanda de Paula ainda mantém um forte vínculo com a cidade, que, para ela, é sinônimo de família, amigos e boas lembranças. “Betim é um passado muito recente na minha vida. Estudei no Promove, lembro que adotava cachorros na escola e a diretoria ficava brava comigo. Sinto falta dessa época. Lembro-me de andar de bicicleta na rua, passar o dia jogando queimada, chegar em casa, jogar a mochila na cama e voltar só a noite. Foi uma infância muito feliz, tenho muita sorte”, recorda.
Caçula de uma família de três irmãs – Cristiane e Andreia –, ela conta que sempre foi aventureira. “Minha mãe sempre soube que não daria para me controlar. Ela sempre fala que é difícil o fato de eu morar longe, mas sabe que estou bem e isso é o que importa”, afirma a apresentadora, que reencontra a família pelo menos uma vez ao ano. “Se eu não venho, eles vão me visitar”, conta.
Ela diminui a saudade com a ajuda da tecnologia. “Minhas amigas de infância, por exemplo, nunca vão mudar. Eu falo com elas praticamente todo dia pelo WhatsApp. Essas tecnologias facilitam a comunicação. O tablet e o Skype são uma invenção divina”, brinca.
Questionada se pretende, um dia, voltar a morar em Betim, ela diz não se ver morando na cidade. “Por enquanto, não tenho planos. Apesar de adorar Betim e o Brasil, não me vejo de volta, ainda. Eu sinto falta da cultura, do calor humano do brasileiro. Na Austrália é tudo perfeito, mas é monótono. Mas, infelizmente, não dá para ser tudo como gostaríamos”, finaliza a apresentadora.
FAVORITOS
Passaporte: gosto de ter meu passaporte sempre à mão. Ele me lembra do quanto é bom viajar e conhecer novas culturas.
Medalha de Nossa Senhora da Aparecida: sou devota e este é um presente que minha mãe (dona Therezinha Neves de Souza Paula, mais conhecida como Belinha, 70) me deu. Sempre que uso, sinto-me protegida espiritualmente.