Socorro aos animais

Ativista enfrenta dificuldades para cuidar de obra que resgata cães e gatos abandonados e maltratados nas ruas de Belo Horizonte

Criado em 04 de Abril de 2016 Bom Exemplo

Há 35 anos, o ambientalista Franklin Oliveira se dedica a cuidar de animais nesse período, ele já resgatou das ruas 10 mil bichinhos

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Viviane Rocha
 
A HISTÓRIA DO ambientalista Franklin Oliveira, 47 anos, com o ativismo animal começou cedo. “Eu tinha 12 anos quan­do fiquei sabendo que havia um protes­to na avenida Paraná, no centro de Belo Horizonte, onde pintinhos estavam sendo queimados vivos”, relembra. A cena cruel e chocante despertou nele, ainda criança e apaixonado por animais, o desejo de atuar de forma mais incisiva em prol dos animais. “Assim, há 20 anos, transformei minha casa em um lar de passagem para cães e gatos”, conta. Um trabalho duro que está sendo dificultado pela atual crise econômica. “Infelizmente, tenho muitas dificuldades de arcar com os custos desse trabalho”, revela o morador do bairro Tre­vo, na capital mineira. Segundo o ativista, os custos para alimentar os mais de cem animais que mantém e o apadrinhamento dos bichinhos são os problemas que mais o preocupam.
Por mês, os gastos com luz, água e alu­guel são da ordem de R$ 6.500, fora os imprevistos financeiros. Embora esse tra­balho só seja possível com a ajuda de mui­tos parceiros, boa parte do investimento vem de Oliveira. Apesar de, recentemen­te, ele ter montado uma banca de revistas (situada na avenida Brasil, número xxxx), a qual pretende transformar no point dos ativistas da causa animal de BH, ele tem uma dívida alta no banco por conta de empréstimos que precisou fazer para custear seu projeto. “Devo atualmente em torno de R$ 30 mil. É uma situação angus­tiante”, desabafa Oliveira, que, sem per­der a esperança, frequentemente recorre a veículos de comunicação da capital para sensibilizar possíveis parceiros e doações. 
Os animais resgatados por Franklin são aqueles que vivem sob situação de risco nas ruas e, até mesmo, em casas, sendo alvos de violência e irresponsabilidade por parte de seus donos. “São animais aci­dentados, atropelados, famintos, doentes e machucados fisicamente”, explica. As medidas iniciais do acolhimento promo­vido são a vacinação, a vermifugação e a castração. “Já gastei milhares de reais com a cirurgia de um único animal”, recorda­-se. Dentre seus parceiros, estão veteri­nários e outros ativistas dos direitos dos animais em Minas Gerais. “Tenho amigos veterinários que atendem gratuitamente e outros que apadrinham algum bichinho”, informa. Entretanto, com a crise financei­ra, alguns padrinhos que perderam seus empregos deixaram de contribuir com Franklin. “Infelizmente, não tenho condi­ções de trazer mais animais para cuidar”, lamenta.
 
RESPEITO
Franklin recebe ajuda de amigos e parceiros, mas boa parte dos gastos com sua obra social é bancada por ele, que pede ajuda
Além dos cuidados veterinários, do carinho e da alimentação, Franklin tam­bém se empenha em conseguir famílias interessadas em adotá-los. “Com a ajuda de amigos, realizo feiras de adoção”, re­lata. Em 35 anos de dedicação à defesa dos animais, o ambientalista já tirou mais de 10 mil bichinhos das ruas e conseguiu a adoção de mais de 5.000 deles. “Os in­teressados passam por uma triagem para que saibamos suas condições emocionais e financeiras e o real desejo de darem um lar para o animal”, informa. Para a adoção, Franklin cobra cerca de R$ 50, a título de reembolso dos gastos com vacina e castra­ção dos bichinhos.
De acordo com ele, a missão de ajudar os animais é a sua vida. “Cada um tem sua missão. Essa é a minha”, declara. O proje­to de Franklin é levado tão a sério por ele que influencia até seus hábitos pessoais. “Não como carne há 35 anos”, revela. O ativista destaca que não busca reconhe­cimento, dinheiro ou fama com o traba­lho. “Faço isso por amor aos animais”. Aos que não compreendem sua luta, ele é enfático. “As pessoas precisam entender que animais também têm sentimentos, sentem fome e dor, e passam por muitas dificuldades”.
REDE DO BEM
A empresária e ex-apresentadora de TV Myrian Felícia, moradora do bairro Santo Agostinho, em Belo Horizonte, conheceu Franklin após ter abordado o tema “defe­sa dos direitos dos animais” no programa que apresentava, num canal de TV a cabo. “Conheci o Franklin numa situação mui­to interessante”, relembra. Segundo ela, após uma ocasião em que entrevistou a presidente da extinta Associação Mineira de Defesa dos Animais, Franklin entrou em contato com Myrian e pediu um espa­ço para ele relatar seu trabalho. “Depois do expediente, estávamos os dois num bar conversando. Fiquei muito sensibi­lizada com a causa”. Sem pestanejar, ela se juntou ao ativista, e os dois passaram a percorrer ruas, lixões e casas para resgatar animais maltratados. “Presenciamos situa­ções totalmente desumanas e cruéis”, re­corda-se. “Fomos ameaçados e corremos riscos, mas nunca desistimos da causa”, diz ela. Um dos casos que mais a choca­ram foi o resgate de três cães queimados e enterrados ainda vivos num lixão. “Fomos abordados pelo agressor dos cães, que estava armado. Como eu portava uma fil­madora, inventei que estávamos fazendo uma reportagem para a TV, e, felizmente, nada nos aconteceu”. Além de ajudar no resgate, Myrian, influenciada pelo amigo, parou de comer carne e adotou duas ca­delas e dois gatinhos. “O respeito pelos animais é um valor na minha família”, diz. O marido e os filhos da empresária tam­bém estão engajados na questão. “Quero e vou ajudá-lo de outras formas”, garante. A colaboração de amigos e de outras pes­soas sensibilizadas com a causa sempre permitiu o sustento da obra. “Já consegui leiloar uma luva autografada pelo goleiro Fábio, do Cruzeiro”, conta Franklin. 
 
CONTATO
Telefone: 31 9 9676-0099
Facebook: Franklin é um Assis / Franklin Oliveira
 



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