Uma vez professor, para sempre professor

Eles são referência e inspiração para muitos. São protagonistas em trajetórias estudantis, mantendo nossas janelas do conhecimento sempre abertas. Alguns ficam por muito tempo na memória de seus alunos. Esse é certamente o caso de Giezi Reginaldo, que, de

Criado em 15 de Março de 2017 Homenagem
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Para você, o que é ser bem-sucedido?  Para um professor de física de Prudente de Morais, uma cidade no interior de Minas Gerais, na região metropolitana de BH, uma pessoa vence quando dá o melhor de si em tudo o que se propõe a fazer. Quem convive com Giezi Américo Reginaldo, entretanto, ousa dizer mais: o docente vai além e faz com que a tão temida disciplina de física se torne prazerosa até para quem tem dificuldades.

Nascido no Rio de Janeiro, Reginaldo, como é conhecido pela comunidade, concluiu sua formação do ensino médio em escola pública. Posteriormente, fez um curso técnico em mecânica e se graduou em engenharia. “Nunca pensei em ser professor. Na verdade, relutei muito para me tornar um. Mesmo quando iniciei no meio docente, dizia que não era professor, mas que estava sendo um por algum tempo”, revela Reginaldo.

O professor mudou-se para Minas Gerais em busca de melhor qualidade de vida e ali, na pequena Prudente de Morais, com cerca de 10 mil habitantes, acabou descobrindo sua verdadeira vocação. “Hoje, apaixonado por lecionar, acredito que estou na eterna condição de professor. Cheguei a dar aulas em cinco escolas de uma só vez. Acredito que não basta entrar em sala de aula. É preciso aguçar o instinto investigativo. E o que mais me encanta na física é isto: mostrar a meus alunos que ela não existe somente dentro de sala de aula. É preciso haver intercâmbio com o mundo ao redor”. Para isso, Reginaldo tirou os alunos de frente do quadro e os levou para aulas práticas. O primeiro projeto a que os estudantes se dedicaram foi Física no Toboágua, que trata do princípio da conservação de energia. Depois, outras ideias fizeram com que a diversão se unisse à física. Uma delas resultou no Faraday Dínamo, projeto da bicicleta inteligente, já contado em uma das edições da revista Mais.

Há algum tempo, o professor escreveu ao programa “Caldeirão do Huck” para pedir ajuda para o custeio de uma viagem que gostaria de fazer a Costa Rica juntamente com os alunos que criaram a bicicleta inteligente. O pedido não foi atendido pela produção, mas, para a surpresa de toda a cidade de Prudente de Morais, o programa homenageou Giezi na volta do quadro “Ao Mestre com Carinho”.

Além da homenagem, o docente ganhou uma viagem à Suíça, local em que viveu Albert Einstein, um dos maiores físicos de toda a história. “A emoção de ver o reconhecimento nos olhos de meus alunos, além da presença de Luciano Huck, foi maior do que eu poderia imaginar. Ainda tive o privilégio de viajar e conhecer um pouco mais sobre o que leciono. O que trago de toda essa viagem foi o aprendizado sobre a simplicidade e a persistência de Einstein, sobre a educação do povo suíço, além, é claro, de toda a memória fotográfica dos momentos que vivi”, conta Reginaldo.

Nossa Amiga 

Foi por causa do projeto Faraday Dínamo, já revelado em outra edição da revista Mais, que o programa de Luciano Huck chegou até Prudente de Morais. Reginaldo buscava o custeio de uma viagem a Costa Rica pra apresentar o projeto que começou quando o professor, depois de perceber que grande parte dos estudantes da escola utilizava a bicicleta como meio de transporte, sugeriu aos alunos do ensino médio da Escola Estadual João Rodrigues que fizessem uma pesquisa com usuários de bike. “Elaboramos um questionário, que foi aplicado em todas as turmas da manhã, abrangendo quase 300 pessoas. E um dado obtido com os resultados dessa pesquisa nos chamou a atenção: o número alto de jovens que já haviam sofrido acidente com bicicleta”, relata Giezi.

Conforme ele diz, a principal queixa desses ciclistas é a falta de investimento no trânsito das grandes e pequenas cidades, onde se arriscam enfrentando diversas situações, como colisão em cruzamentos, invasão de veículos nas ciclovias e desrespeito dos automóveis maiores nas estradas. Feita a pesquisa, os estudantes Pedro Henrique Romualdo Goulart, Laressa da Silva Oliveira e Gabriela Santana de Abreu partiram para o desenvolvimento de um equipamento seguro e viável financeiramente, cujo principal intuito é melhorar o atual quadro da mobilidade urbana para os ciclistas. Após terem apresentado a bicicleta que criaram na Feira Jovem da Universidade Federal de Minas Gerais, os autores do projeto foram credenciados a mostrar a Nossa Amiga, nome pelo qual a bike ficou conhecida, em duas feiras internacionais. E, neste mês, o projeto foi escolhido para ir à Inglaterra, para ser exibido na London International Youth Science Forum, que será realizada entre julho e agosto de 2017. 




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